Edson Perin
Os Correios, a operadora postal brasileira, têm trabalhado em estreita colaboração com a União Postal Universal (UPU), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), e a GS1 Brasil, organização sem fins lucrativos dedicada à implantação de padrões globais de visibilidade nas cadeias de suprimentos, para melhorar o rastreamento da carga postal por meio de seus centros de triagem usando a tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID).
Os Correios implantaram tags RFID em contêineres de carga, que comportam centenas de embalagens, e instalaram cerca de 2.000 leitores nas entradas e saídas das unidades operacionais, para melhor rastrear cartas e encomendas em sua rede. Isso foi feito em parceria com a UPU por meio de seu programa Global Monitoring System e a GS1. As etiquetas RFID incluem o padrão GS1 Serial Shipping Container Code (SSCC) como identificador de item postal.
De acordo com os Correios, este é o primeiro projeto mundial de rastreamento de cargas postais com tecnologia RFID de frequência ultra-alta (UHF). Os Correios também decidiram manter seu processo de rastreamento estabelecido, que usa códigos de barras, juntamente com o novo sistema RFID, pois ainda existem alguns desafios em relação à implantação das tags eletrônicas.
A UPU auxiliou os Correios na seleção da tecnologia de rastreamento RFID para garantir que as compras fossem feitas da maneira mais eficiente e econômica. Portanto, etiquetas RFID passivas, em vez de ativas, foram escolhidas para manter os custos baixos. Além disso, graças à parceria da UPU com a GS1, os Correios passaram a utilizar etiquetas com o padrão mais utilizado (GS1 SSCC) para rápida adoção da tecnologia, mesmo fora do setor postal.
Por meio da tecnologia RFID, os Correios agora podem rastrear e gerenciar contêineres de carga e seu conteúdo com mais precisão à medida que entram e saem dos centros de distribuição – sem a necessidade de escanear códigos de barras manualmente. Além disso, alguns itens de correspondência que passam pelos hubs dos Correios também possuem etiquetas RFID próprias para melhor rastreamento.
Essas tags podem usar o Scan4Transport (S4T) da GS1 (saiba mais em Scan4Transport codifica dados de transporte em etiqueta de logística), que é um novo padrão global para codificar dados de transporte em uma etiqueta postal. De acordo com a GS1, o padrão S4T pode capturar os principais dados necessários para ajudar na entrega da primeira milha, classificação e última milha. Ainda não está em uso pelos Correios.
Os clientes dos Correios também podem adquirir etiquetas RFID para seus próprios pedidos. Um cliente que está testando isso é a fabricante brasileira de calçados Via Marte (saiba mais em Via Marte usa padrão GS1 em e-commerce pioneiro via Correios), que inseriu etiquetas RFID usando os padrões globais GS1 em seus produtos para uma identificação mais rápida por meio do fluxo de correspondência dos Correios e para minimizar erros de entrega.
Antonio Caeiro, gerente do programa de medição de qualidade da UPU, diz que os padrões GS1 são usados internamente, conforme exigido pelos Correios do Brasil, com o objetivo de garantir a interoperabilidade com clientes domésticos que enviam itens domésticos etiquetados com RFID, via Correios. “Os padrões da UPU também estão em uso para garantir a interoperabilidade entre os países membros da UPU que trocam itens internacionais marcados com RFID”.
Até o momento, os Correios adquiriram 27 milhões de etiquetas RFID codificadas com chaves GS1 SSCC. Essas etiquetas também possuem impresso o código de barras GS1-128, que possibilita um processo de “matching” (combinação) com o código S10 da UPU nas 237 agências dos Correios. Na próxima licitação, os Correios vão adquirir a chamada “etiqueta integrada”, onde as etiquetas terão a codificação de um SSCC e terão impresso um S10, o que eliminará o processo de correspondência SSCC + S10 hoje estabelecido.
O sucesso do projeto RFID dos Correios se deve em parte à forte parceria que a UPU e a GS1 desenvolveram na última década. Em 2010, as duas organizações assinaram um memorando de entendimento para desenvolver um sistema de identificação automática de produtos baseado em RFID para a rede postal. Ao longo dos anos, a GS1 trabalhou em estreita colaboração com a equipe GMS da UPU para ver como seus padrões poderiam ajudar no rastreamento postal.
Então, em meados de 2019, a GS1 tornou-se membro oficial do Comitê Consultivo da UPU, que representa os interesses do setor postal em geral e fornece uma estrutura para um diálogo eficaz entre os correios e a UPU e as partes interessadas, incluindo ONGs, organizações de normalização e financeiras, fornecedores de bens e serviços ao setor postal, entidades de transporte e outras entidades que tenham interesse em apoiar a missão e os objetivos da UPU.
De acordo com Walter Trezek, presidente do Comitê Consultivo da UPU, a colaboração bem-sucedida entre a GS1 e os Correios, resultando em soluções altamente competitivas e eficientes em e-commerce, é um exemplo perfeito de como players mais amplos do setor postal, como a GS1, e operadores designados, como os Correios, criam valor e aumentam a competitividade do setor postal.
Em 1º de julho de 2022, o Comitê Consultivo lançou uma nova estrutura de associação como parte do objetivo da Secretaria Internacional de abrir o sindicato a mais participantes do setor privado e, por sua vez, ajudar os operadores designados a acelerar a transformação por meio da digitalização.