Plataforma AI2 funciona como um Passaporte Digital de Produtos

Projeto brasileiro do Centro von Braun cria o conceito “Semiconductor as a Service”, inédito no Brasil e no mundo, e aproveita a infraestrutura de RFID das rodovias

Edson Perin

A Plataforma AI2 funciona como um Passaporte Digital de Produtos (ou DPP, do inglês, Digital Product Passport), cria o conceito “Semiconductor as a Service”, inédito no Brasil e no mundo, e aproveita a infraestrutura de RFID das rodovias. O projeto, lançado nesta terça-feira, dia 28 de novembro de 2023, no Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun, de Campinas (SP), irá desenvolver e operar integração e interoperabilidade de dados de dispositivos semicondutores para a coleta de informações logísticas.

Com isto, será possível promover autenticação e rastreabilidade de objetos em todas as etapas das cadeias de distribuição. O objetivo é viabilizar o desenvolvimento de aplicações para múltiplos setores da economia, incentivando a criação de novas soluções e de empresas, em especial startups.

Os dados integrados e padronizados serão disponibilizados para o mercado através da Plataforma AI2 no modelo “Semiconductor as a Service”. O conceito foi criado pelo von Braun e se define como um modelo inovador que possibilita a comercialização de chips como serviço e busca superar desafios desta indústria no Brasil.

Estratégico para a economia nacional e para o desenvolvimento tecnológico do país, o setor de semicondutores fatura mais de R$ 3 bilhões por ano. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (ABISEMI), o segmento gera mais de 2.500 empregos qualificados e investe mais de US$ 100 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento.

Na solenidade de lançamento no Centro de Pesquisas Avançadas von Braun, em Campinas, foi lançada a plataforma Ambiente de Integração e Interoperabilidade ou Plataforma AI2. A iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) será executada pelo Centro de Pesquisas Avançadas von Braun e pelo Núcleo Softex Campinas, sob a coordenação da Softex Nacional.

Clique aqui e assista à entrevista exclusiva com Dario Thober, CEO do Centro von Braun

Assinaram a criação da Plataforma AI2 Hamilton José Mendes da Silva, Diretor de Incentivos às Tecnologias Digitais do MCTI; Dario Sassi Thober, Presidente do Centro de Pesquisas Avançadas von Braun; Diônes Lima, vice-presidente executivo da Softex; e Edvar Pera Junior, diretor-executivo do Núcleo Softex Campinas.

Dario Sassi Thober, CEO do Centro de Pesquisas Avançadas von Braun, concedeu uma entrevista exclusiva ao IoP Journal. Clique aqui e assista.

O projeto tem por objetivo o desenvolvimento e operação – em formato piloto – de um ambiente de integração e interoperabilidade capaz de integrar e padronizar dados de dispositivos semicondutores para a coleta de informações logísticas, de autenticação e de rastreabilidade em todas as etapas da cadeia logística, viabilizando o desenvolvimento de aplicações para múltiplos setores da economia e incentivando a criação de novas soluções e empresas, em especial startups.

“Esta é uma iniciativa que reforça a preocupação do Ministério em dotar a indústria brasileira de mecanismos e plataformas de suporte ao desenvolvimento que proporcionem ganhos de produtividade, e por consequência se traduzam em ganhos na eficiência em processos e metodologias de desenvolvimento que assegurem ao país a eficiência tão necessária em um cenário global caracterizado por uma extrema competitividade”, comenta Hamilton José Mendes da Silva, Diretor de Incentivos às Tecnologias Digitais.

Os dados integrados e padronizados serão disponibilizados para o mercado através da Plataforma AI2 no modelo “Semiconductor as a Service”. “Esse termo, cunhado pelo Instituto von Braun, define um modelo inovador que possibilita a comercialização de chips semicondutores na forma de serviço e busca superar desafios significativos nessa indústria, permitindo a oferta – como serviço – de soluções, designs e processos fabris associados a semicondutores, em um ambiente de marketplace de dados rastreados por tecnologia blockchain”, informa Dario Sassi Thober, Presidente do Centro de Pesquisas Avançadas von Braun.

A viabilidade do conceito “Semiconductor as a Service” será demonstrada por meio de aplicações comerciais que serão executadas na Plataforma AI2, atendendo diversos setores da economia, fomentando a concepção e o desenvolvimento de novos modelos de negócio e de comercialização de semicondutores. “Isso viabilizará o desenvolvimento de aplicações para setores que demandam a integração das informações ao longo de todo o ciclo de vida de um produto como, por exemplo, o rastreamento e a autenticação de itens diversos por toda a cadeia logística, desde a produção até a entrega ao cliente final”, detalha Edvar Pera Junior, diretor-executivo do Núcleo Softex Campinas.

A iniciativa também tornará possível a integração de diferentes redes de informação de produção, distribuição e comercialização de produtos e serviços de setores até então isolados da economia, que passarão a utilizar infraestrutura de trânsito de dados entre si através da Plataforma AI2. As atividades desenvolvidas durante o projeto possibilitarão a criação de novas empresas, em especial startups, e de soluções com características inovadoras para o mercado de semicondutores.

Entre os diversos diferenciais presentes na Plataforma AI2 estão:

  • O comissionamento de novos semicondutores (criados para aplicações específicas) e o uso de dados de semicondutores já existentes (assim como sua rede de informação) desde que atendidos os critérios mínimos de segurança exigidos pela plataforma, bem como o Modelo de Negócio de operação, que será desenvolvido durante a execução do projeto.
  • Customização para aceitar dados de diferentes dispositivos e redes de informações heterogêneas (formadas por gateways e dispositivos edge).
  • Oferta de mecanismos de integração segura entre sistemas, sejam privados ou governamentais.
  • Garantia de não repúdio de informações através de mecanismos de segurança, além de assegurar a integridade das informações através do uso de smart contracts ou gravação das informações em redes blockchain.

Além dos chips semicondutores que podem ser embarcados, outros dispositivos semicondutores que já façam parte de produtos ou redes de serviços poderão também ser conectados a um ambiente que integra e compatibiliza informações de forma padronizada, através de uma linguagem que abstrai e torna compatíveis as informações para um amplo espectro de aplicações.

Para Diônes Lima, vice-presidente executivo da Softex, “é da maior importância o nosso trabalho de coordenação em uma iniciativa do porte da Plataforma AI2, que está alinhada coma estratégia do país de ganhar autonomia em áreas vitais da economia, como é o caso do segmento de semicondutores”. Ele lembra ainda que o modelo “Semicondutores as a Service” oferece benefícios relevantes para setores e organizações que demandam logística integrada ao longo de todo o ciclo de vida de produtos.

No caso do Brasil, em particular, a viabilização do modelo “Semiconductor as a Service”, através da plataforma AI2 permitirá que designs, soluções e até processos fabris associados a semicondutores possam ser oferecidos ao mercado de forma diferenciada, passando a ser comercializados na forma de serviços em um ambiente de marketplace de dados rastreados por tecnologia do tipo blockchain, podendo, dessa forma, ser oferecidos pelo valor das informações (dados agregados de IA) que são capazes de gerar, remunerando toda a cadeia, desde desenhistas e fabricantes de semicondutores, passando pelos proprietários de infraestrutura de captura de dados e chegando até desenvolvedores de aplicações.

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