Edson Perin
Há um fenômeno tecnológico em andamento no campo. Em novembro de 2020, o IoP Journal Awards teve como projeto mais votado o case da ID-Cotton, que desenvolveu uma solução para rastrear do cultivo do algodão até a autenticação de sustentabilidade pelo consumidor final, passando pela colheita, estocagem, transporte e beneficiamento. Outro caso vencedor do IoP Journal Awards 2020 também estava relacionado ao agronegócio. Foi o da Unipac, que criou uma embalagem que garante a autenticidade do produto e o seu descarte adequado.
Os dois cases acima foram baseados na tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID). No caso da ID-Cotton, foi a tecnologia UHF, graças a tags embutidas nas lonas utilizadas para embrulhar o algodão colhido em rolos de mais de 2 metros de altura e pesando mais de duas toneladas. As tags já vêm instaladas nas lonas a pedido da John Deere, fabricante de equipamentos para colheita e que utiliza as tags para poder monitorar o trabalho das máquinas e propor automaticamente a realização de manutenções preventivas.
O case da Unipac tem como alicerce a tecnologia de Near Field Communication (NFC), um tipo de RFID, com tags que podem ser lidas por smartphones, permitindo que qualquer pessoa com um desses aparelhos de celular leia a tag para saber se o produto é original e se está devidamente acondicionado, o que evita fraudes e falsificações. Afinal, muitos dos piratas de insumos agrícolas utilizam as embalagens descartadas para preencher com substâncias duvidosas e vender o produto como sendo original.
Agora, publicamos uma matéria no IoP Journal TV News, nosso jornal em vídeo pelo Youtube, que mostra um caso bastante semelhante ao da ID-Cotton, realizado em uma fazenda chamada Agro Crestani, no Mato Grosso, confirmando que o agronegócio do Brasil está mesmo colhendo as vantagens da Internet of Packaging (IoP).
Na Agro Crestani, as tags das lonas utilizadas para a colheita de algodão, com chips de RFID embutidos a pedido da John Deere, servem para identificar, rastrear e organizar os produtos da lavoura e o seu armazenamento adequado. E o agricultor citou que uma de suas próximas atividades com a tecnologia será identificar e rastrear embalagens de insumos agrícolas para poder garantir o controle e autenticidade destes químicos, além promover o descarte correto.
Outra reportagem do IoP Journal TV News revela que uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa em parceria com a empresa de software Siena Company permite gerir a maturidade de frutas vendidas dentro e fora do Brasil. Além disso, a mesma solução, que integra nanotecnologia química e rastreamento por QR Codes (leia mais em Embrapa cria embalagem ativa e inteligente num só pacote), atende aos requisitos que estão sendo formulados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para rastrear e localizar os alimentos, o que permitirá, em um momento de emergência, tirar rapidamente produtos contaminados das prateleiras dos supermercados, por exemplo.
Todas essas soluções que envolvem de RFID a QR Codes foram formuladas com o intuito de garantir um grau de autenticidade e segurança que há muitos anos se buscava, não apenas para melhorar os processos e reduzir custos de produção e distribuição, como valorizar os produtos adequadamente por sua qualidade e, ainda, garantir segurança alimentar e sustentabilidade, entre outros benefícios.