Nunca é hora de dar mole

Quem acreditou antes que RFID seria o que já é deveria saber que sempre surgirá uma nova tecnologia, uma nova maneira de fazer e que a criatividade humana vale muito mais

Edson Perin

Quando iniciamos a operação do RFID Journal Brasil em 2011, fruto de um acordo com o internacional RFID Journal dos Estados Unidos, fundado e editado até hoje pelo competente jornalista nova-iorquino Mark Roberti, o projeto parecia utopia. Muitos colegas me perguntavam se havia sentido escrever sobre identificação por radiofrequência (RFID) em um país que ainda tinha pouquíssimos projetos na área, sendo alguns governamentais e que – no decorrer de uma década – não saíram da prancheta, como o Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (Siniav) ou o Brasil-ID, que também patina, infelizmente.

Eu sempre tive como certo que a tecnologia de RFID seria um estouro, uma revolução no modo como os produtos circulam. Isto desde 2000, quando conheci a tecnologia e soube do projeto do Walmart que havia se iniciado um ano antes. Para quem teve o primeiro smartphone em 2001 (iMate, baseado nas plataformas Intel e Microsoft), sabendo que este ainda era só um protótipo, a certeza de que toda tecnologia teria um tempo para decolar (neste caso, com o iPhone da Apple) me dava segurança de que RFID teria muito sucesso no mundo e, claro, no Brasil.

Não deu outra. Já em 2012, eu escrevia a matéria sobre a Brascol, atacadista de produtos para crianças e jovens, do bairro do Brás, em São Paulo (SP), e que, um ano depois, ganharia de Mark Roberti a chancela de segundo maior case de RFID do mundo, perdendo apenas para a gigante varejista dos EUA Mark&Spencer. Alguns colegas começaram a me ligar para entender o que estava acontecendo, e, quando surgiu a Internet das Coisas (IoT) como buzzword [palavra da moda], todos se acalmaram para dizer que agora estava claro: grandes players de TI passaram a oferecer IoT para todos, em todos os seus eventos.

Quando eu disse que aquilo que estava sendo vendido era mais do mesmo, apenas analytics, e que IoT teria de automatizar a entrada de dados nos sistemas e não apenas manter operações manuais com códigos de barras, por exemplo, tomei ovos e tomates virtuais de todos os lados. Algumas vezes na minha vida profissional me senti como aquele que grita que “o Rei está nu” cedo demais. As pessoas ainda não sabiam direito o que era IoT e não estavam preparadas para entender que estavam sendo enganadas por um discurso de vendas de sistemas de analytics.

Em suma, os anos se passaram, o Rei foi visto nu e o mercado de RFID se consolidou. Neste momento, porém, outra majestade começou o seu strip-tease, arrancando peças de roupas lentamente: a própria RFID. Outras tecnologias que, a princípio, pareciam bobinhas – como QR Codes e Impressão Digital – passaram a mostrar uma musculatura digna de um jovem Arnold Schwarzenegger. O potencial de criar um novo Conan está sendo bárbaro! O nome desta iniciativa é IoP Journal – The Internet of Packaging.

Lógico que os tomates e ovos virtuais alçaram voo contra mim de novo, como se eu fosse o mentor de uma revolução que teria como intuito tirar deliberadamente o conforto de uns e outros, especialmente dos fornecedores de RFID. Aos poucos, busco mostrar que não tem eliminação, mas soma e até multiplicação de peixes [riqueza], como na evolução da RFID, gerando dados melhores e mais valiosos para, por exemplo, os analytics mostrarem resultados. RFID atende em muitas situações, mas em outras pode ser mais barato e até gerar mais oportunidades usar QR Codes e Impressão Digital.

Então, parece uma missão de vida, e cá estou neste caminho árduo de levar uma pedrada por dia, às vezes, várias em 24 horas. É o meu trabalho, minha função, talvez. Afinal, o que seria do mundo se fosse habitado apenas por seres fofinhos, sorridentes, vagabundos e covardes?

Neste compasso, surge o IoP Journal TV News, com energia para informar, educar, gerar conhecimento e abrir caminhos para que o Brasil e o mercado internacional evoluam com infraestrutura capaz de ganhar uma das maiores batalhas da humanidade e que estamos testemunhando: a ameaça de um organismo entre o vivo e o não vivo que tenta nos tirar do tatame, o coronavírus.

Mãos à obra, minha gente! E para os que tentam ganhar no grito, um aviso biológico: tenho bons genes para trabalhar e lutar, no meu DNA.

Avante! – como diz meu querido amigo Renato Ópice Blum.

Juntos somos melhores.

Edson Perin é editor do IoP Journal Brasil e fundador da Netpress Editora

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