Mark Timms
Embora esteja focado principalmente no mercado RAIN RFID [aliança de empresas fornecedoras de identificação por radiofrequência (RFID) que busca permitir a conectividade entre empresas e consumidores] na América Latina, também sigo o que está acontecendo neste mercado na América do Norte. Gostaria, então, de compartilhar algumas observações sobre a este período de influência do coronavírus, ou seja, neste novo cenário chamado Novo Normal.
Na América Latina, muitos projetos foram atrasados devido ao extenso distanciamento social e incerteza econômica. A crença geral é que a economia retornará aos níveis anteriores à Covid, mas é provável que demore dois anos ou mais. Há um debate sobre se a recuperação terá uma curva mais em formato de um “U” ou de um “W”. Uma recuperação em forma de “V” parece cada vez mais improvável.
Também é provável que, após a Covid, alguns modelos de negócios não sejam exatamente iguais a antes. Com o amplo uso de videoconferência e colaboração on-line, pode não haver necessidade de viajar tanto. Com o fechamento de tantas lojas de varejo e o crescimento do comércio eletrônico, o setor de varejo, já em transformação, foi forçado a acelerar sua reinvenção. Alguns especialistas acreditam que as grandes lojas de departamento que ancoram shopping centers não sobreviverão, pelo menos não em sua forma atual. Outros varejistas, especialmente aqueles sem uma forte presença no comércio eletrônico, podem falir.
A transformação digital está em alta agora e, embora os efeitos não sejam imediatos, espero que a RFID tenha um papel significativo. Muitos varejistas, liderando a moda, justificaram a etiquetagem de produtos em nível de item antes da Covid-19. As vendas omni-channel exigem uma visibilidade em tempo real muito alta, que somente o uso de tags RAIN RFID no nível do item pode fornecer.
Os grandes vencedores do varejo na Covid são os eficientes varejistas on-line, principalmente a Amazon, e grandes varejistas com mantimentos e artigos para o lar e uma forte presença on-line, especialmente Walmart e Target. Os negócios da Amazon aceleraram tanto que a empresa teve de se esforçar para realizar entregas a tempo. O Walmart teve um forte desempenho em suas lojas e em seu site de comércio eletrônico, frequentemente usando suas lojas como centros de distribuição omni-channel.
Tendo anunciado anteriormente a etiquetagem abrangente de itens a partir do segundo semestre de 2020, a crise da Covid não afetou os planos de implantação de RFID pelo Walmart para este ano. As combinações de produtos mudaram um pouco desde a chegada do coronavírus, e a demanda por esses varejistas afortunados permanece forte.
O interesse na logística por meio da implantação da RFID é robusto e, em alguns casos, acelerou. Existem vários projetos muito significativos em logística que se tornarão visíveis neste ano ou no próximo, o que ajudará a aumentar o investimento nessa área. Vários projetos em empresas muito conhecidas se tornarão públicos, fazendo com que outras empresas em seu ecossistema considerem investir em infraestrutura RAIN para obter benefícios semelhantes.
As aplicações de logística são geralmente transições de porta de doca e verificação de remessa (nível de pallet e caixa) e conveyance and sortation systems (ou esteiras que separam produtos automaticamente em Centros de Distribuição [veja imagem acima] – nível de caixa). Além de aumentar a visibilidade, a RFID provou reduzir bastante as intervenções manuais necessárias apenas com códigos de barras, reduzindo erros e custos associados.
A área de saúde, um mercado potencialmente enorme, mas lento para a identificação por radiofrequência, está demonstrando interesse em etiquetar produtos de EPI, o que poderia ajudar a acelerar a adoção do RFID com os consumíveis em geral.
Há muita coisa que não sabemos e é difícil prever. Claramente, haverá vencedores e perdedores. No entanto, está ficando claro que, pelo menos em alguns segmentos, a crise da Covid pode realmente acelerar a adoção de RAIN RFID, principalmente no comércio eletrônico, omni-channel e logística.
Mark Timms, CEO da MobiZcan, representante da Impinj para a América Latina e Brasil.