Suely Pieri
Ok. Você decidiu que quer melhorar suas decisões de negócios utilizando a tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) para ter informações mais confiáveis. E agora? Qual o próximo passo? Você já ouviu falar muito sobre a tecnologia, mas uma gama enorme de dúvidas ainda o deixam indeciso: como começar, quanto vou gastar, e se eu apresentar para o meu gestor e não der certo?
Calma… Você tem excelentes empresas e profissionais que podem ajudá-lo nessa jornada, mas lembre-se de que a responsabilidade pelo resultado da implantação será sempre sua. Ou seja, não vale delegar tudo sem entender o que irão fazer. Então, precisa aprender tudo o que puder sobre a tecnologia para saber o que perguntar aos implantadores e responder ao seu gestor como o projeto está indo.
Mas, como saber as perguntas corretas? Por meio de treinamentos, fóruns, palestras e eventos nesse campo. A vantagem dos treinamentos, a meu ver, que trabalhei por 14 anos nessa área específica, é por ser o local ideal para fazer as perguntas chave. É um ambiente aberto, onde todos estão aprendendo. Não há por que temer fazer as perguntas que o incomodam, porque podem ser também ser as dúvidas de outro participante.
Ou seja, a pergunta de um “aluno” muitas vezes é a que você faria. Também, às vezes, sem perguntar nada, o instrutor já aborda o assunto e, caso não o abordar, sempre há o cantinho do coffee-break para fazer a pergunta em particular. No coffee são trocados cartões, as pessoas falam mais abertamente sobre o motivo de estarem ali e cria-se um ambiente de troca de ideias.
Durante essa minha jornada, notei que as empresas estão em diferentes estágios de evolução tecnológica e, mesmo em estágio mais avançado, ainda há uma carência de profissionais que dominem o assunto. Assim, a busca por respostas assertivas é o caminho.
Durante os treinamentos, são passados quais os fornecedores que atuam no mercado, quem faz o que e, muitas vezes, o contato deles é repassado. Depende do instrutor. O ideal seria receber esses contatos para você poder conversar com cada um deles para entender de que forma podem auxiliá-lo em seu processo de implantação.
Estabeleça um relacionamento com esses fornecedores e, se possível, também com o meio acadêmico e outras indústrias. Afinal, muitas das dúvidas e opiniões desses parceiros podem levantar questões que no momento ainda não são as suas, mas que poderão vir a ser no futuro, acrescentando conteúdo para suas pesquisas.
Ao procurar um treinamento sobre a tecnologia, escolha sempre parceiros reconhecidos pelo mercado, que tenham conhecimento aprofundado no assunto e que tenham experiência comprovada em ajudar seus clientes a construírem uma visão para explorar a tecnologia. Muitas vezes, verificamos que algumas empresas já haviam comprado equipamentos de forma totalmente equivocada, fossem leitores ou etiquetas, com um gasto inadequado para seu ambiente, antes de atenderem ao curso.
Evite esse tipo de atitude. Aprenda antes, compre depois. Outras, precisavam justificar o ROI (Retorno do Investimento) para seus gestores. Por isso, a necessidade de compreensão da tecnologia para poderem apresentar um plano de ação. Dúvidas muito frequentes ocorriam sobre a interoperabilidade das ferramentas. Outras, ainda, sobre a adoção de um padrão interno ou pela adoção de um padrão internacional.
Todas essas dúvidas podem ser esclarecidas por um time de profissionais competentes, para que você tenha condições de explicar ao seu gestor os benefícios da tecnologia, seja para Varejo, Warehouse ou Indústria. Lembrando que o comprometimento para a implantação da tecnologia precisa vir sempre de cima.
Muitos profissionais operacionais que trabalharão na implantação da tecnologia ainda têm receio de experenciar o novo e podem, por receio de perder seus cargos, sabotar a implantação. Algumas dessas experiências foram também compartilhadas conosco. Fique atento a desligamentos voluntários de leitores, por exemplo.
Muito importante também não ficar apenas na teoria. Na sala de aula, na hora, você entende tudo, mas somente a prática faz com que todos os conceitos sejam realmente absorvidos. Ou seja, escolha alguém que possa oferecer trabalhos práticos, “hands-on”, como eu costumo dizer.
É justamente nessa hora que as maiores dúvidas aparecerão e você poderá saná-las naquele exato momento, com o time especializado ou seu instrutor. Anote tudo, opte por cursos que não tenham apenas PowerPoint, mas também parte descritiva de todas as etapas descritas nos slides, e que tenha referências bibliográficas ao final da apostila. Afinal, um mundo novo está se abrindo para você e uma boa bibliografia pode abrir em muitos os seus horizontes. Nada como uma bela fonte para consulta posterior.
Após o treinamento, prepare uma apresentação para seu gestor, já prevendo as perguntas que ele irá fazer, ou seja, as mesmas que você fez para seu instrutor. Não se esqueça de convidar o profissional de TI de sua empresa para essa reunião, já que a adaptação dos sistemas internos e de camada de integração também serão necessárias ao projeto.
Mas os gerentes de informação e de TI de hoje estão abertos a achar formas inovadoras de alinhar TI com a estratégia da empresa. E você irá depender muito dele se receber um OK para o projeto. Na realidade, RFID precisa ser tratado como gestão de inovação e não tecnologia. Para isso, mais setores precisarão ser envolvidos na coordenação das iniciativas, como as áreas de operações, supply chain, logística e manutenção.
Lembre-se, também, que muitas indústrias, como petróleo, gás, farmacêutica, automotiva e outras, têm requisitos estritos e diretrizes (algumas autoimpostas, outras exigidas pelo governo federal) aplicáveis à sua fabricação e operações de processamento.
A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA), por exemplo, exige que fabricantes farmacêuticos mantenham registros eletrônicos inalteráveis para provar que seus medicamentos e as matérias-primas e ingredientes usados para prepará-los foram armazenados em temperaturas adequadas. Veja se o caso de sua implantação possui normas específicas.
Se receber um OK da alta gerência, o ideal seria fazer uma prova de conceito. Somente após essa prova de conceito, se tudo der certo, preparar, então, um roadmap para a implantação.
Mas lembrando que todas essas etapas são posteriores ao profundo entendimento da tecnologia. A busca por conhecimento é a alternativa correta para tornar realidade seu projeto de RFID.
Suely Pieri foi coordenadora de educação do Centro de Excelência em RFID (RFID-COE). Localize a Suely pelo LinkedIn