No “Novo Normal”, consumidores exigirão embalagens higienizáveis

Mais de 60% dos compradores de delivery desejam facilidades para limpar embalagens e, assim, evitar contaminações e doenças como a Covid-19

Edson Perin

Entrevista com Simone Galante, fundadora e CEO da Galunion, sobre o estudo pioneiro Alimentação na Pandemia – Como a Covid-19 impacta os consumidores e os negócios em alimentação.

Estamos vivendo no Paraíso, certo? Hummm… Creio que não. Estamos sim em um momento de muitas incertezas diante da pandemia de coronavírus. O alto risco de contaminação – e, também, de morte – que a Covid-19 oferece mudou o comportamento das pessoas em todo o mundo, aprisionando-as dentro de suas próprias casas, com medo de saírem até para as compras mais simples e diárias. Este fenômeno está sendo definido como o “Novo Normal”, ou seja, a maneira pela qual os seres humanos de todo o planeta passaram a se comportar diante da pandemia e de suas consequências.

Junto com este cenário recém-instalado e as inerentes mudanças de hábitos, necessariamente haverá alterações no modo como os serviços serão prestados, os produtos vendidos e, de um modo geral, nas expectativas dos clientes. Se há poucas semanas era normal ir a um restaurante e ser atendido por um garçom que conversava com o cliente bem de pertinho ou, ainda, servir-se num buffet a quilo, de agora em diante estas coisas não serão mais vistas como simpáticas e, muito menos, higiênicas. Bem-vindo ao “Novo Normal”.

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Arte com telas do estudo da Galunion

As saídas para toda esta crise estão na inovação, inteligência (inclusive artificial) e uso de tecnologias avançadas como identificação por radiofrequência (RFID), impressão digital, QR Codes, realidade aumentada e outras tantas que fundamentam a Internet of Packaging (IoP). O desafio do momento vai além de identificar e rastrear ou garantir a autenticidade de produtos. No momento, compreender e satisfazer o consumidor deste Novo Normal está em alta. E como fazer isto?

Em busca de respostas sobre o que está se passando nas mentes dos consumidores, a Galunion, consultoria especializada em foodservice, com o apoio do Instituto Qualibest, realizou uma pesquisa que mostra que os hábitos mais rotineiros dos brasileiros já mudaram radicalmente e em poucas semanas. O levantamento foca o mercado de alimentação, porém, como podemos observar, pode inspirar paralelos com diversos outros ramos de atividade, justamente por abordar de modo pioneiro esta nova realidade.

Segundo o estudo, 61% dos pesquisados querem embalagens de delivery que possam ser higienizadas logo que chegam em suas casas. Outros 21% desejam embalagens econômicas, tamanho família, prontas para servir. O terceiro grupo, com 18% dos respondentes, prefere embalagens individuais com várias porções para cada tipo de prato. Em suma, como aponta o estudo Alimentação na Pandemia – Como a Covid-19 impacta os consumidores e os negócios em alimentação, em tempo de coronavírus, as embalagens higienizáveis são as preferidas.

Para a Galunion, estamos vivendo um momento sem precedentes na história, com grande transformação nos hábitos das pessoas e impactos nos negócios. E o seu estudo busca respostas para a primeira onda de mudança nos hábitos alimentares durante a pandemia de coronavírus, e trazer inspirações para os negócios em alimentação.

Entre os entrevistados, 45% foram homens e 55%, mulheres, com as seguintes proporções por faixas etárias: 18 a 23 anos, 22%; 24 a 38 anos, 42%; 39 a 53 anos, 26%; 54 a 65 anos, 9%; e 66 anos ou mais, 1%. Para mais informações, leia o arquivo com o estudo na íntegra (clique aqui).

Para explicar as conclusões, o cenário e os caminhos a seguir, entrevistei Simone Galante, fundadora e CEO da Galunion, engenheira de alimentos com mais de 25 anos de experiência em foodservice e mais de 270 projetos de consultoria na área, incluindo empresas como Subway, Ráscal, Ofner, Bob’s, Casa do Pão de Queijo, entre outras grandes marcas. Simone deu seu parecer diante das incertezas e trouxe luz a diversos pontos escuros, com base na pesquisa realizada sob o diapasão de sua empresa.

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Simone Galante, CEO da Galunion

IoP Journal – Simone, pelo que você tem acompanhado, qual é a extensão desta crise e qual é a recomendação principal para as empresas começarem a se salvar dos impactos?

Simone Galante – Acreditamos que a crise gerada pela quarentena, que faz com que muitos negócios simplesmente se paralisem, dure entre dois a quatro meses, e a extensão de suas consequências gerem um “Novo Normal”, com retorno dos negócios de forma gradual e com transformações econômicas, políticas e sociais. A nossa principal recomendação para as empresas é que realmente reflitam em como melhor aproveitar o TEMPO neste momento, evitando a paralisia ou o foco somente na gestão financeira das consequências geradas. É uma oportunidade para refletir e principalmente agir, redesenhar operações e testar o novo. O que em nossa opinião começa ouvindo as pessoas: seu time, seu cliente e sua comunidade.

IoP Journal – Você cita o momento atual da Covid-19 como sendo Saúde, Segurança e Solidariedade. Você tem uma visão das próximas etapas?

Simone Galante – Sim, Saúde, Segurança e Solidariedade são os três S’s que estão na cabeça do consumidor. Tudo que você e sua empresa puderem fazer nestes eixos será bem-vindo agora. Eu acredito que nas próximas etapas teremos o reflexo de quais marcas realmente ajudaram a impactar positivamente o mercado com soluções nestas áreas, e o reconhecimento dos consumidores e clientes será brindar com maior lealdade e parceria. Também entendemos que precisamos permanentemente estar conectados com a evolução do cenário: o que todos estão sentindo falta, por exemplo, pode ser uma boa dica de qual comportamento desejam efetivar assim que for possível. Lembro que em nossa pesquisa, 71% dos entrevistados se manifestaram sentindo falta e muita falta de ver e interagir com outras pessoas, e 69% de programas em família para refeições fora de casa, por exemplo. Somos seres sociais e estamos impactados pelo isolamento social. Em breve iremos soltar uma segunda onda da pesquisa, onde exploraremos mais as indicações de comportamento do Novo Normal. Não duvido que os três S’s permaneçam, e que haja uma redescoberta do 4º S – Social, nas suas dimensões on-line e off-line.

IoP Journal – O setor de refeição fora do lar (foodservice) está em crise. Você já vê algumas empresas tomando ações concretas e bem fundamentadas para escapar da falência? Pode exemplificar, mesmo sem que seja possível nomear as empresas?

Simone Galante – Sim, muitas empresas estão com ações consistentes para “manter a chama acesa”. Juntaram seu time, estabeleceram ações para manter algum faturamento no delivery ou take away, adaptaram protocolos, tamanho e habilidades do time, modelo de serviço, comunicação e oferta – nas dimensões do que vender e como promocionar – sempre com o seu público em mente. As marcas que já tinham uma boa presença digital saíram na frente, pois conseguiram se comunicar diretamente com o seu cliente, por exemplo, a Spoleto começou a vender suas massas e molhos congelados, trazendo uma receita extra aos franqueados. Por outro lado, negócios que realmente já eram engajados em sua comunidade, em geral tem chance ainda maior. Um exemplo é a rede Padaria Brasileira, que imediatamente ajustou seu mix de venda, incluiu hortifrúti na sua área de venda e usou sua equipe de atendimento para fazer algo bastante comum anos atrás: saíram à pé e panfletaram em todos os prédios e casas no entorno de suas padarias, reativaram assinatura diária de pão e leite para as residências e outros negócios, e estão trabalhando muito e com otimismo sobre a longevidade de sua empresa.

IoP Journal – Temos certeza de que só existe uma forma de superar esse momento delicado: JUNTOS! – você diz. Cooperativas seriam uma saída?

Simone Galante – Todas as formas de cooperação são bem-vindas. As associações, os grupos informais e, eventualmente, sim: as cooperativas ou plataformas sociais de cooperativismo. Falo isso porque sabemos que algumas empresas do setor de alimentação conseguiram se manter vivas por meio de “vaquinhas digitais” para pagamento de seus colaboradores, ou fazem parte hoje de movimentos como #apoieseurestaurante, #apradrinheumbar, #entregadobem, #gentilezageragentileza, “Be+Co”Card – um financiamento coletivo que gera um cartão pré-pago, entre outras inúmeras iniciativas.

IoP Journal – A necessidade de embalagens diferentes das atuais e que possam ser higienizadas facilmente lidera no item Delivery. Como seriam estas embalagens?

Simone Galante – O ideal é que sejam embalagens que possuam funcionalidades especificas, além da possibilidade de higienização, e que possam ser de fontes sustentáveis. Seria um retrocesso ter de abrir mão da sustentabilidade para atender à higienização. No setor de alimentação, funcionalidades importantes são a manutenção da temperatura, manutenção da crocância, lacre impecável para diferentes tipos de produtos, por ex. molhos, líquidos, entre outras.

IoP Journal – Como facilitar o pagamento sem contato com o motoboy?

Simone Galante – Aqui a solução pode vir desde a forma como o pedido e pagamento já possam ser feitos diretamente no app ou e-commerce, até alternativas de QR Code, importante para abranger o maior número de pessoas possível. E para os trocos e pagamentos em dinheiro, temos visto soluções simples como entrega deste troco em envelopes de plástico e com luvas, que facilitem a higienização posterior.

IoP Journal – E-commerce com delivery e pagamento online são a melhor alternativa?

Simone Galante – Sim, são uma ótima alternativa, que deve, no entanto, ter integração com todo o sistema de vouchers de alimentação e refeição.

IoP Journal – De que modo a sua empresa pode auxiliar no desenvolvimento de soluções para evitar impactos ainda mais sérios da crise.

Simone Galante – A Galunion é uma empresa especializada em alimentação e catalisadora de conhecimento, network e inovação focada em gerar progresso para os negócios e os profissionais de mercado. Podemos ajudar desde realizando conteúdos personalizados ancorados por pesquisa, fatos e dados; workshops de reflexão sobre o novo normal para planejamento estratégico e inovação, mentoria dos negócios em alimentação, implantação de nova oferta e comunicação para delivery e, também, ajudando as indústrias e distribuidores a oferecer os serviços e produtos que os estabelecimentos operadores necessitam, conectando-os em rede. Também temos hoje uma plataforma de cursos e eventos que catalisam estas atividades. É só nos procurar: consistentemente estamos aprimorando nossos produtos e pivotando novas atividades para o Novo Normal.

Clique aqui e baixe o estudo da Galunion em parceria com o Instituto Qualibest.

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