Lojas Renner aumenta aprovação do cliente com tecnologia

A varejista brasileira alcançou maior precisão de estoque, possibilitou vendas omnichannel e reabastecimento automatizado, além de permitir autoatendimento mais rápido

Claire Swedberg

A varejista de moda brasileira Lojas Renner vê a implantação da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) como algo mais do que um único evento destinado a melhorar a precisão do inventário. Em vez disso, a empresa de mais de 400 lojas está empreendendo o que chama de jornada com seu parceiro de tecnologia, Sensormatic Solutions, para realizar uma série de benefícios. Mais de 700 milhões de produtos foram etiquetados com tags RFID UHF passivas desde que a solução foi implantada, informa a empresa, realizando quatro milhões de leituras diárias.

Os resultados incluíram um aumento na precisão do estoque, um aumento nas vendas e receitas e uma melhor experiência de vendas omnicanal para os clientes, de acordo com Alexandre Ribeiro, diretor de auditoria de riscos, prevenção de perdas e compliance da Lojas Renner. Desde que o sistema foi implantado há três anos, diz ele, a empresa adicionou recursos que incluem o rastreamento de mercadorias dentro e fora dos provadores, permitindo vendas de autoatendimento, além de vigilância eletrônica de artigos (EAS) por meio de etiquetas RFID aplicadas a cada produto. A jornada do varejista continuará trazendo visibilidade da cadeia de suprimentos e benefícios de visibilidade para seus fornecedores.

A Sensormatic Solutions, com sede na Flórida, atuou como parceira de tecnologia da Renner durante toda a implantação, fornecendo sua plataforma de software de gerenciamento de inventário TrueVUE, juntamente com hardware e integração. A solução foi vencedora do RFID Journal Award 2023 na categoria Best Retail RFID or IoT Implementation.

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Alexandre Ribeiro, da Renner

A Renner é a maior loja de moda e departamentos do Brasil. A empresa vende moda masculina, feminina e infantil, além de acessórios e relógios, em suas 435 lojas espalhadas pelo país, Uruguai e Argentina. Mais de uma década atrás, o varejista começou a investigar o uso da tecnologia RFID para lidar com seu gerenciamento de estoque altamente desafiador. Cada uma das lojas recebe até 20.000 novos itens diariamente, o que tradicionalmente exigia que os funcionários verificassem fisicamente os produtos quando chegassem e, em seguida, rastreassem manualmente quando eram guardados na sala dos fundos ou estocados na área de vendas.

A reposição dos produtos vendidos era um processo manual que dependia do pessoal de vendas para identificar os produtos que precisavam de reposição, juntamente com a quantidade necessária de cada modelo, tamanho e cor. Para realizar a contagem de estoque em toda a loja, a Renner contou com uma empresa terceirizada que enviou vários funcionários para contar as mercadorias em um período de oito a dez horas. Essa contagem era realizada apenas uma vez por ano, observa Ribeiro.

“O principal problema que precisávamos resolver”, diz Ribeiro, “era a experiência do cliente ao longo de sua jornada [de compra]”, para garantir não apenas a disponibilidade do produto, mas também uma experiência de pagamento fácil e opções de autoatendimento. A Renner pesquisou a tecnologia e seus fornecedores por anos. “Estudamos e avaliamos diversas empresas que atuavam como integradoras, fornecedoras e fabricantes de hardware, software e tags RFID. Ao final da etapa de pesquisa e benchmarking, foi possível concluir que, até então, nenhum outro varejista no mundo havia implementou o RFID na escala, amplitude de processo e velocidade que a Renner pretendia fazer.”

O varejista optou por trabalhar com a Sensormatic Solutions. “O relacionamento vem de longa data, em termos da jornada que percorremos juntos”, diz John Gregg, vice-presidente e gerente geral da Sensormatic para a América Latina. A empresa de tecnologia, ele lembra, precisava demonstrar para a Renner que o gerenciamento de uma implantação de RFID era mais adequado a um único fornecedor de tecnologia holística. Os parceiros então trabalharam juntos para testar as tags e leitores apropriados. “Temos uma grande variedade de produtos além de roupas e sapatos”, diz Ribeiro, “como maquiagem, fragrâncias e produtos para a pele”.

Esses produtos podem ser compostos por líquidos, com embalagens metalizadas, sendo que ambos podem impactar na transmissão do RFID. Portanto, a equipe realizou testes para etiquetas RFID adesivas que garantissem a eficácia da leitura e fossem visualmente aceitáveis. Eles também tiveram que selecionar etiquetas que pudessem ser costuradas em roupas, em vez de serem anexadas a etiquetas penduradas descartáveis. A Renner então executou um teste de três meses em cinco lojas, durante o qual rotulou 5% de seus produtos e testou a funcionalidade RFID para recebimento, contagem de estoque e reabastecimento.

Todos os fornecedores da Renner já estão aplicando etiquetas antes de enviar os itens para o lojista. Para garantir que os fornecedores tenham acesso às tags de que precisam, a Sensormatic fornece um serviço de codificação de tags RFID que fornece todas as tags usadas no Brasil, além de gerenciar seu relacionamento com fornecedores em locais estrangeiros para fabricantes asiáticos. Dessa forma, a Sensormatic adquire e fornece os 200 milhões de tags necessários usados pelo varejista anualmente. “Todas essas etiquetas vêm por meio de nosso serviço de codificação de etiquetas RFID”, explica Gregg, “e são entregues em seus locais de fabricação internacionalmente ou no Brasil”.

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Lojas Renner aumenta aprovação do cliente com tecnologia RFID

Com a solução RFID implementada nos últimos três anos, cada peça de mercadoria vem com uma etiqueta costurada ou afixada a ela. O número de identificação exclusivo codificado em cada tag está vinculado aos detalhes do produto correspondente no software TrueVUE. Os associados da loja usam leitores de mão RFID Bluebird RFR900 conectados a computadores móveis baseados em Android EF500 para ler as etiquetas dos itens à medida que são recebidos. As leituras de tags atualizam os dados de estoque da loja para indicar que esses produtos estão no local.

Quando os funcionários movem os produtos para a área de vendas, eles leem novamente as etiquetas usando o leitor portátil, atualizando assim o status dos itens como em exibição. Cada loja possui pelo menos um leitor fixo nos provadores, com antenas montadas na entrada. À medida que os compradores trazem roupas para um provador, os IDs das etiquetas são capturados, atualizando o software para indicar o que está sendo experimentado. À medida que os clientes saem dessa área, essas tags são lidas novamente. Os dados coletados fornecem análises de vendas para a Renner. “Podemos comparar esses dados com as compras reais”, diz Ribeiro, para identificar o desempenho de roupas específicas quando se trata de vendas após uma prova.

Existem três opções para a compra do cliente. Uma envolve um aplicativo móvel, pelo qual o cliente escaneia o código de barras impresso na etiqueta do produto ou hangtag com um smartphone e, em seguida, conclui o pagamento da venda com um cartão de crédito ou outras informações de pagamento, como Apple Pagar. O comprador então levaria o produto para uma mesa, onde a etiqueta RFID seria lida. Outra opção seria dirigir-se a um vendedor para adquirir a mercadoria no ponto de venda (POS). Nesse cenário, um leitor de mesa fixo Acura, fornecido pela Sensormatic, é instalado no balcão de vendas para ler as etiquetas de todos os produtos que estão sendo comprados.

Os dados são exibidos para o cliente e para o funcionário e, após a aprovação e conclusão da transação, os dados do estoque são atualizados no software. O leitor desativa todas as tags para que esses produtos possam ser retirados da loja. Renner e Sensormatic criaram uma solução única para gerenciar tags sem desativá-los. À medida que cada tag é lida, parte do seu número EPC é alterado, com um novo código adicionado ao campo selecionado para evitar um alarme por ignorar essa tag. Se o cliente devolver o produto ou trocá-lo, o leitor poderá restaurar o código EPC original da etiqueta, após o que o produto voltará a fazer parte do estoque da loja.

A terceira opção é um quiosque self-checkout com uma lixeira, na qual o cliente pode colocar as mercadorias que estão sendo compradas. Eles podem usar a tela sensível ao toque para realizar a compra, enquanto o leitor embutido na lixeira captura IDs de tags, identifica o que está sendo comprado e desativa essas tags. O sistema de autoatendimento tem se tornado tão popular, diz Ribeiro, que responde por aproximadamente um terço de todas as vendas em lojas físicas. Leitores fixos instalados em cada entrada conduzem as leituras finais das etiquetas à medida que as mercadorias são retiradas das lojas. Caso alguma tag tenha sido desativada, ela não será lida, mas enquanto não tiver sido desativada, o sistema EAS identificará os produtos que estão sendo removidos e emitirá um alerta.

Ao todo, a Renner já adquiriu mais de 5.000 PDVs móveis e leitores fixos, distribuídos em mais de 400 lojas, e hoje a empresa conta com mais de 3.500 pontos de venda fixos com leitores fixos. Além disso, a Renner instalou mais de 500 quiosques de autoatendimento em suas principais lojas e está em processo de expansão da tecnologia para outras localidades. A empresa também instalou mais de 5.000 pedestais de alarme em suas lojas.

Todas as tags são aplicadas no ponto de fabricação. A Lojas Renner está fornecendo a seus fornecedores brasileiros etiquetas RFID da Sensormatic, enquanto outros fornecedores internacionais utilizam etiquetas RFID da Avery Dennison Smartrac. Desde a implantação do sistema, os colaboradores da Renner realizam contagens de estoque pelo menos mensalmente, garantindo aos clientes maior disponibilidade de itens.

Isso permite vendas omnichannel mais precisas, indica a empresa, porque o software pode fazer um pedido de venda com base na disponibilidade de estoque em uma loja próxima ao cliente online. No futuro, Ribeiro diz: “Nossa equipe de pesquisa está constantemente avaliando melhorias”. A empresa, por exemplo, ajustou o tamanho dos servidores que gerenciam os dados, para acomodar o grande número de tags e eventos de leitura.

Além disso, a Renner adaptou processos como limitar o número de lojas que podem realizar contagens cíclicas simultaneamente. “No cenário atual”, afirma, “permitimos que 100 lojas façam a contagem de estoque simultaneamente, atingindo uma média de 15 milhões de peças lidas ao mesmo tempo”. O varejista também realizou treinamentos, presenciais e online, para ajustar as operações da loja aos novos processos de RFID implementados.

A solução TrueVUE pode ser integrada com sistemas existentes, notas Sensormatic, como aplicações de reabastecimento e planograma desenvolvidas internamente. A tecnologia também pode ser integrada ao sistema de planejamento de recursos empresariais da Oracle, para controle de estoque e impostos. As informações geradas no TrueVUE durante as operações da loja são acessadas online pelo TrueVUE Reporting, diz Ribeiro, “assim podemos ter acesso a diversos tipos de relatórios”. Só na área de prevenção de perdas, acrescenta, a empresa gerou 33 relatórios e o sistema é acessado 16 mil vezes por mês.

De acordo com a Renner, os eventos de falta de estoque foram reduzidos em 87% desde que o sistema RFID foi colocado em funcionamento, garantindo que os clientes possam encontrar os produtos que procuram. A precisão do estoque foi aumentada em 64% e a Renner alcançou um aumento de vendas de 1,8% em suas lojas habilitadas para RFID, enquanto projeta um aumento nas vendas de até 3% nos próximos anos. “Os nossos clientes foram os que mais beneficiaram”, afirma Ribeiro, “pois passaram menos tempo nas filas e têm a possibilidade de efetuar a compra e desativação do alarme em qualquer ponto da loja”.

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