IoT estimula crianças com transtorno de neurodesenvolvimento

Parque simula chuva e vento, emite sons e aromas em ambientes acionados, além de projetar vídeos remotamente, por meio de recursos de Internet das Coisas (IoT)

Ana Cecília Americano

Terapias com estímulo motor, sensorial e cognitivo de crianças em idade pré-escolar com desafios de neurodesenvolvimento já estão usando o que há de mais avançado na tecnologia. As salas multidisciplinares adotam recursos como simuladores de vento e chuva, com o acionamento de jatos de spray de água e ar, difusores de essências olfativas, colunas de bolhas iluminadas, piscina de bolinhas iluminadas, feixe de fibras ópticas terapêuticas, entre outros.

Outros recursos são software para produção de filmes sensoriais e para testes cognitivos, os quais são acionados remotamente por tablet em um circuito fechado de Wi-Fi, por meio de Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial.

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Ana Cecília Americano

A novidade foi desenvolvida pela Neurobrinq, startup brasileira incubada no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). As crianças interagem com a sala, à medida em que se movimentam e brincam, acionando vários dispositivos lúdicos, conforme a programação de cada terapia.

Com mais de 50 parques entregues em todo o país e mais de 250 profissionais treinados e certificados para operá-los, a empresa fornece a solução a prefeituras, instituições e clínicas especializadas.

“As crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) precisam de cuidados especiais e um atendimento pensado exclusivamente para elas”, afirma Gregston Marques, CEO e fundador da Neurobrinq. “Queremos proporcionar a elas uma educação 4.0, que já é tecnicamente possível”, conta.

O Parque Multidisciplinar iUP6D da Neurobrinq oferece, em um espaço de 30 metros quadrados, um ambiente único, repleto de estímulos motores, cognitivos e sensoriais, que interage de forma inteligente com as crianças, à medida em que se movimentam e brincam, acionando seus vários dispositivos lúdicos.

Com diversos recursos, como os de videomodelagem, a sala propicia ações que estimulam todos os sentidos: tato, visão, audição, paladar, olfato e o equilíbrio em movimento (considerado o sexto sentido). O projeto é fruto da consultoria de especialistas em várias áreas – da pedagogia, fonoaudiologia, nutrição, fisioterapia, à neuropsicologia e à medicina.

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IoT estimula crianças com transtorno de neurodesenvolvimento

A proposta dos parques é promover a intervenção precoce das crianças visando a estimulação e a reabilitação já a partir dos primeiros anos de vida para treiná-las em atividades diárias – sempre de uma forma lúdica e que tem provado a sua eficácia.

“Projetamos o iUP6D exatamente para transformar o espaço de terapia em um ambiente interativo, que reage de acordo com a programação e necessidade do terapeuta, oferecendo recursos tecnológicos simultâneos e contextualizados”, resume Marques.

Marques informa que a empresa nasceu a partir dos resultados de um estudo realizado entre 2016 e 2017 pela neuropsicopedagoga Anahid Lyzandra Fernandes.

Esta pesquisa registrou um aumento de performance de 32% nas habilidades sensoriais, cognitivas, motoras, sociais e na fala das crianças pré-escolares, quando estimuladas já na primeira infância. O projeto foi conduzido com orientação da Dra. Darlene Godoy, neuropsicóloga e terapeuta cognitivo-comportamental, doutora em distúrbios do desenvolvimento humano.

Apenas profissionais certificados pela Neurobrinq que passam por um treinamento de 16 horas estão aptos a operar os parques iUP6D. Até o momento 225 profissionais já foram certificados e outros 360 deverão ser capacitados nas próximas semanas.

As salas iUP6D da Neurobrinq são baseadas na tecnologia iOT e seus dispositivos são acionadas por tablets, computadores e voz, tudo conectado a um servidor,  por meio de uma rede dedicada wi-fi. A empresa desenvolve, ainda, diversos programas voltados à educação das tarefas diárias das crianças, bem como para projetos especiais. De acordo com Marques, o software usado possui protocolo aberto e o cliente pode gerar o próprio conteúdo.

A Neurobrinq foi incubada no Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL) em 2017 e participou do programa de aceleração Crowd_ Vale da Eletrônica. A empresa é credenciada no programa Finame do BNDES e seus clientes podem adquirir o Parque iUP6D por meio desta linha de crédito com juros subsidiados.

Para obter este credenciamento a Neurobrinq nacionalizou 85% dos itens que compõem o Parque. A empresa já entregou mais de 50 parques no Brasil, possui encomendas para mais 27 e já certificou 255 profissionais. Possui, ainda, uma filial nos Estados Unidos em Weston, Florida.

Ana Cecília Americano é diretora da Evocar.

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