Hospital brasileiro rastreia 158 mil roupas de cama com RFID

A solução economizou US$ 300 mil para o hospital no ano passado, com etiquetas RFID em cada peça de roupa usada no atendimento ao paciente

Claire Swedberg

O Hospital Israelita Albert Einstein está usando a tecnologia RFID para gerenciar digitalmente milhares de lençóis – de lençóis a toalhas e fronhas usadas por seus pacientes – enquanto economiza milhares de dólares ao mesmo tempo.

A solução permite que o profissional de saúde monitore quando as roupas de cama são usadas, lavadas e devolvidas aos armários para garantir estoque adequado e reposição eficiente. E o hospital está fazendo isso em uma fração do tempo necessário com o sistema manual, economizando aproximadamente US$ 300.000 anualmente.

Com a tecnologia, cada peça de roupa de cama é identificada de forma única e os dados sobre seu uso são gerenciados na plataforma de software do hospital. Rastreando roupas de cama em uma cadeia de suprimentos complexa

O Hospital Einstein, localizado em São Paulo, Brasil, é uma unidade de saúde com 800 leitos, cobrindo 273 mil metros quadrados em vários quarteirões da cidade. Para ajudar a atender os milhares de pacientes atendidos no movimentado hospital, 150 armários de roupa de cama são reabastecidos quatro vezes ao dia. Entre os 158 mil itens de linho há cerca de 35 categorias de tamanhos e modelos, disse Rafael Vitolo, líder do projeto RFID do hospital.

Cada área de armazenamento ou armário tem um requisito de estoque mínimo. No turno da manhã, a quantidade de lençóis e fronhas é maior, enquanto outro nível mínimo é definido para o noturno.

Devido ao tamanho do complexo hospitalar e ao número cada vez maior de áreas de armazenamento, o pessoal do hospital anteriormente tinha que viajar de um local para outro, várias vezes ao dia, para verificar manualmente os níveis de stock, num processo demorado.

Além disso, toda a roupa é lavada em uma lavanderia externa e terceirizada a cerca de 50 quilômetros do hospital, tornando toda a cadeia de fornecimento de roupas de cama ainda mais complexa.

A empresa recorreu à tecnologia RFID para melhorar o fluxo logístico das roupas de cama à medida que vão do paciente para a limpeza e voltam ao armazenamento para reutilização. Eles começaram a usar a tecnologia no segundo semestre de 2022 e passaram cerca de cinco meses analisando os resultados, determinando o retorno esperado do investimento.

Os fornecedores de roupas de cama estão etiquetando as mercadorias que vão para o hospital com etiquetas RFID UHF passivas. A etiqueta é codificada com um ID exclusivo vinculado a esse item no software.

“Sempre que adquirimos uma nova peça de roupa de cama, disponibilizamos nossas etiquetas RFID para os fabricantes aplicarem no material e nos entregarem pronto para uso”, explica Renata Santos, coordenadora de roupa de cama do hospital.

O Hospital Israelita Albert Einstein é finalista do prêmio RFID Journal Live de melhor implementação de cadeia de suprimentos ou logística.

Quando os lençóis limpos chegam ao hospital – lavados e dobrados a partir da lavanderia externa – eles passam por um leitor de portal RFID que captura todas as etiquetas à medida que entram. O software fornece dados relacionados a quais armários precisam ser reabastecidos e qual estoque está disponível na “lavanderia” de recebimento.

As roupas são então encaminhadas para os armários necessários com base nas contagens de fornecimento fornecidas pelo software. À medida que o gabinete era reabastecido, os funcionários liam todas as etiquetas com um leitor portátil. Os usuários podem visualizar uma exibição dos resultados da contagem de reabastecimento.

Uma combinação de leitores portáteis e gabinetes RFID

Depois que as roupas são utilizadas e encaminhadas de volta para a lavanderia, elas passam novamente pelo portal RFID para atualizar seu status, à medida que seguem para o serviço de lavanderia externo.

Os membros da equipe do hospital podem acessar os dados de abastecimento e montar cartões de reposição (pedidos por escrito) com base no que foi detectado em cada gabinete.

“A cada novo reabastecimento, precisamos escanear o local com o leitor RFID para que o sistema gere a necessidade de reabastecimento com base nas informações de estoque mínimo que deve estar disponível no local”, disse Vitolo.

A equipe do hospital utiliza 12 leitores RFID portáteis TSL, cada um com um link Bluetooth para um smartphone. O hospital implantou dois gabinetes Datamars RFID com leitores Impinj para dados em tempo real nos locais mais movimentados. Quando os itens são removidos do armário, a contagem do inventário é atualizada automaticamente.

Os dados do software incluem não apenas middleware para interpretar leituras de tags RFID, mas também um aplicativo para que os usuários possam visualizar os dados on-line ou em seus telefones.

Redução dos custos trabalhistas

Desde que o sistema entrou em operação, o hospital mediu uma redução no tempo de contagem de estoque de 72 para 10 horas em cada contagem de estoque completo, realizada a cada dois meses. Em média, o hospital conseguiu reduzir a jornada de trabalho em 30 minutos para cada trabalhador fornecedor de roupa de cama no processo de reposição. Ao reduzir as horas de trabalho em cerca de 6.000 horas por ano, o hospital espera obter um ganho financeiro de US$ 29.000 anualmente, baseado exclusivamente em cortes nos custos trabalhistas.

O sistema também permite ao hospital identificar casos em que itens estão danificados, mal utilizados ou necessitam de substituição.

Desde que a tecnologia entrou em operação, a taxa de perda de roupa passou de 4% para 0,8% do volume total, com a precisão do estoque também aumentando, disse Vitolo. Outro benefício: o consumo de água na lavanderia externa foi reduzido em 12% e o uso de eletricidade em 139 mil quilowatts por ano.

Devido a todos esses benefícios, o hospital obteve um ganho financeiro de cerca de US$ 300 mil em 2023, informou Vitolo.

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