As principais competências para a inovação sustentável na manufatura

À medida que caminhamos rumo à escassez dos recursos naturais, torna-se inadiável e imprescindível que consigamos minimizar o consumo de matérias-primas, água e de energia

Luiz Egreja

Em um mundo cada vez mais pautado pela digitalização e pelas questões acerca da sustentabilidade, é inevitável dizer que o setor de manufatura está vivendo uma profunda transformação – não apenas em como funcionam os processos diários, mas também em relação à própria formação da força de trabalho responsável por conduzir as fábricas nesta era digital. Como resultado, empresas, universidades e profissionais são desafiados a buscar novos conhecimentos e habilidades capazes de acompanhar as mudanças e necessidades da indústria atual. Neste cenário, um desafio urgente e recorrente é entender quais são, afinal, as principais competências para acelerar a transformação do setor de manufatura rumo à criação de experiências mais sustentáveis.

Para avaliar este ponto, uma recente pesquisa encomendada pelo 3DEXPERIENCE Edu, programa educacional e global da Dassault Systèmes, e realizada pela consultoria Bloom, avaliou durante um ano inteiro as discussões nas redes sociais sobre as habilidades e disciplinas de manufatura mais comentadas e lembradas por alunos, professores e empresas. A partir desta análise descobrimos que temas como design para sustentabilidade, mecatrônica, manufatura aditiva, ciência de dados e engenharia de sistemas baseados em modelos estão entre as áreas centrais e emergentes, que apresentam maiores oportunidades para a indústria e a academia prepararem a força de trabalho do futuro com novos e evolutivos empregos no setor.  

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Luiz Egreja

Vale destacar que discutir quais são as competências fundamentais da manufatura do futuro é um ponto urgente e inadiável. O objetivo comum, agora, precisa ser o de capacitar empresas, profissionais e jovens talentos e, dessa maneira, ajudar a reduzir a enorme lacuna de competências em um setor que representa 41% do PIB global e cuja transformação representa uma grande oportunidade para minimizar os impactos no meio ambiente e criar sistemas mais sustentáveis – do ponto de vista ambiental, social e de governança, como tratado na agenda de ESG (environmental, social and governance, na sigla em inglês).

Temos de pensar e propor caminhos para conectar e fortalecer os esforços da indústria e da academia para nutrir, de forma colaborativa, os ambientes de aprendizagem continuada necessários para proporcionar inovações que melhorem a qualidade de vida dos consumidores, cidadãos e pacientes.

Dentre os principais achados da pesquisa promovida pelo 3DEXPERIENCE Edu podemos destacar que o design para a sustentabilidade está se tornando parte da conversa cotidiana desde os clientes até as empresas, com instituições acadêmicas tentando se tornar líderes neste espaço, apresentando programas e palestras informativas que orientem os estudantes sobre a importância desse pilar da produção sustentável para o futuro. 

Outro ponto é que a Mecatrônica tem a comunidade mais ativa nas mídias sociais com mais engajamento do que todas as outras competências combinadas, revelando como tópicos técnicos podem ser destacados principalmente por meio de vídeos ou de outros formatos envolventes para atrair um público mais jovem.  Além disso, vale destacar que a Manufatura Aditiva também tem sido um tema discutido amplamente por empresas e universidades, sobretudo em torno da busca por novos métodos de utilização inovadores, projetos em andamento e material corporativo promocional. 

Em contrapartida, o estudo mostra que, embora seja uma questão amplamente discutida no mais alto nível de certificações do setor industrial, a ciência de dados segue sendo um tema em que poucas universidades e empresas falam no dia a dia de suas ações nas mídias sociais – por mais que essa competência seja fundamental para os negócios futuros, principalmente para a análise de dados e predição de cenários. Do mesmo modo, poucos atores ou comunidades estão promovendo ou participando de discussões em torno das áreas da Engenharia de Sistemas baseados em modelos, o que certamente mostra que há grandes oportunidades para se aumentar as conversas e a consciência dos jovens em torno de uma disciplina crítica e chave para o desenvolvimento e sustentação das mais diversas indústrias e mercados. 

Ao entender estes contextos e ver o que tem sido falado ou não pelos jovens, universidades e empresas, estamos ampliando nosso campo de visão no horizonte. Esse passo é fundamental para que possamos coordenar melhor todo o ecossistema (escolas, alunos, profissionais, empresas e fornecedores) para ajudar a preparar os alunos e a força de trabalho para trabalhar de forma eficiente, colaborativa e produtiva para resolver grandes desafios de sustentabilidade do presente e do futuro. É a partir desse movimento de análise e estudo sobre o que é falado hoje nas redes sociais, fóruns e centros de desenvolvimento que poderemos tomar medidas para desenvolver as competências necessárias para transformar o desenvolvimento de produtos no desenvolvimento de experiências sustentáveis dentro de escolas, organizações e empresas por meio de múltiplos canais já preparando, dessa forma, o que será o futuro. 

Temos de oferecer aos alunos múltiplas oportunidades e soluções para que eles possam conhecer o contexto amplo da engenharia – e as necessidades da sociedade de maneira geral. Entre as questões, porém, é imperativo que sejamos capazes de apoiar que esses jovens talentos tenham as condições para desenvolver as principais competências necessárias para a otimização do design sustentável, que agregue valor real à sociedade.

À medida que caminhamos rumo à escassez dos recursos naturais, torna-se inadiável e imprescindível que consigamos minimizar o consumo de matérias-primas, água e de energia, bem como possibilitar a utilização de biomateriais e otimizar o ciclo de vida dos produtos por meio de métodos digitais mais eficientes e inteligentes. É levando esse conhecimento e inovação às universidades e centros de desenvolvimento dos novos talentos que ajudaremos na construção de uma nova força de trabalho verdadeiramente engajada e preparada para contribuir com ideias e o trabalho para desenvolvermos a indústria do amanhã.

Luiz Egreja, Consultor Sênior de Business Transformation da Dassault Systèmes

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