Piano NFC leva inovação a empresas de jogos

A Prelonic Technologies da Áustria combinou um chip Near Field Communication e eletrônicos impressos para criar um piano de papel que pode ser tocado por smartphone

Claire Swedberg

Quando os desenvolvedores na Áustria criaram um piano de papel ultrafino com um chip Near Field Communication (NFC) que conecta o dispositivo a um aplicativo móvel, eles não planejavam vender um produto. A tecnologia prototipada da Prelonic Technologies foi demonstrada em um vídeo amplamente assistido, em dezembro de 2021, e concebida para ser em parte divertida e em parte um desafio para inovadores. No entanto, o vídeo despertou o interesse de usuários finais e fabricantes globais de brinquedos.

A Prelonic está agora conversando com alguns desses fabricantes para determinar como a eletrônica impressa baseada em NFC e a criatividade podem se fundir para criar novos jogos. A tecnologia é simples, diz Friedrich Eibensteiner, CEO da empresa: um teclado de papel impresso, um chip NFC e um aplicativo são tudo o que os usuários precisam para tocar uma música em seu smartphone. Tocar nas teclas do teclado de papel aciona as teclas correspondentes no aplicativo do smartphone e gera as notas musicais relacionadas.

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A Prelonic Technologies fabrica produtos como displays eletrocrômicos, baterias impressas, papel interativo e outros eletrônicos impressos. A empresa vem desenvolvendo soluções para produtos híbridos que utilizam um chip de silício e eletrônicos impressos, como antenas que transmitem dados do chip. Seus clientes incluem a NanoThings, uma empresa de Internet das Coisas (IoT) que fornece soluções baseadas em LoRaWAN para monitoramento da cadeia de suprimentos a frio. Recentemente, porém, Eibensteiner começou a contemplar como a tecnologia NFC, que tem uma presença onipresente nos telefones, poderia ser usada de maneiras mais criativas.

Além de fornecer acesso padrão a um site ou permitir que os clientes façam pagamentos, Eibensteiner imaginou alavancar a eletrônica impressa, juntamente com um chip de silício, para ampliar as aplicações da tecnologia. Códigos de barras e códigos QR podem realizar muitas das tarefas para as quais o NFC é comumente usado hoje em dia, explica ele, mas o NFC promete mais funcionalidade para aqueles com alguma visão. “A tecnologia NFC avançada oferece um alto grau de liberdade de design e funcionalidade”, afirma.

No final de 2021, Eibensteiner trabalhou com seu filho, Lukas Eibensteiner, por quatro ou cinco dias para desenvolver o piano habilitado para NFC, impresso em um pedaço de papel. O objetivo, ele lembra, era simples: mostrar ao mundo um exemplo do que a tecnologia NFC pode fazer. O filho de Eibensteiner toca piano e também é programador, e juntos desenvolveram um instrumento musical rudimentar. O piano é um pedaço de papel com eletrônica NFC impressa nele, junto com um chip NFC padrão e duas antenas. A empresa informa que o papel interativo (PIP) da Prelonic é projetado para a interação de papel e dispositivos móveis.

A equipe de pai e filho primeiro imprimiu o teclado com uma impressora a laser padrão, depois imprimiu uma camada de eletrônicos na forma de carbono condutor, que compõe os interruptores e antenas. Entre as duas camadas, eles colocaram um chip NFC padrão de 13,56 MHz, compatível com o padrão ISO 14443. O chip inclui oito interfaces de entrada-saída que são vinculadas a chaves impressas representando cada uma das oito teclas de piano impressas no papel. Cada tecla possui um circuito impresso para reconhecer quando foi pressionada, fechando assim o contato.

Era preciso haver alguma inovação nas teclas, diz Eibensteiner, porque o piano de papel exigia que o sistema detectasse quando alguém pressionava qualquer parte de uma tecla impressa (que mede cerca de uma polegada de largura). Os desenvolvedores podem ajustar o processo de impressão para alterar a forma como as teclas precisam ser pressionadas para criar um contato entre as partes do circuito à base de carbono. O vídeo demonstra como funciona: primeiro, um indivíduo faria o download de um aplicativo em um dispositivo baseado em Android. O aplicativo então realizaria uma ligação entre cada tecla pressionada no piano de papel e o tom emitido pelo telefone.

O usuário colocaria o piano de papel e a etiqueta NFC embutida nele transmitiria dados para o telefone enquanto ele estava sendo interrogado. Essa pessoa poderia então começar a tocar notas pressionando as teclas impressas. O interruptor dentro de cada tecla fecharia um contato quando pressionado, e a etiqueta NFC detectaria essa ação e enviaria dados de volta ao telefone indicando que, por exemplo, a tecla número sete (correspondente à tecla C) foi pressionada. Várias teclas podem ser pressionadas simultaneamente para realizar um acorde. O telefone então tocaria a música relacionada às teclas escolhidas.

Dessa forma, o sistema possibilita que alguém toque uma música muito simples, incluindo acordes, embora limitados a apenas oito teclas, ou uma única oitava. A taxa de transmissão do chip NFC para o telefone é rápida o suficiente para garantir que a música toque junto com as teclas pressionadas pelo pianista, explica Eibensteiner. Uma vez que o piano de papel foi prototipado e testado, a empresa gravou sua performance e o disponibilizou em seu site. “Emitimos um pequeno comunicado à imprensa”, diz ele, que foi o único esforço de relações públicas.

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A solução nunca teve a intenção de ser mais do que uma demonstração de como os desenvolvedores criativos podem ser quando se trata de tecnologia NFC, admite Eibensteiner. Inesperadamente, no entanto, ele foi contatado por indivíduos que queriam comprar o “piano”, talvez como presente de Natal para seu filho ou filha. Os fabricantes de brinquedos e jogos também entraram em contato com a empresa, e essas conversas estão em andamento. Eibensteiner diz que a empresa não pode divulgar os nomes dessas empresas.

A Prelonic Technologies não tem intenção de comercializar o produto, observa Eibensteiner. A demonstração é projetada simplesmente para mostrar o que é possível. “Acho que a NFC ainda está sendo subestimada”, diz ele. “Se você tem uma coisa tão fácil que demonstra bem, pense no que mais você poderia fazer. Eu queria acionar o maior número possível de cérebros para pensar como essa tecnologia pode ser usada e quão simples ela pode ser.” Eibensteiner espera atrair a atenção de inovadores criativos. “Sou viciado em eletrônica híbrida e tecnologia NFC – há 20 anos venho pensando nessa área.”

O valor da eletrônica impressa, acrescenta Eibensteiner, está na sua sustentabilidade e no custo relativamente baixo de implantação, que permite a criação de produtos como o piano. A construção do produto exigiu apenas quatro ou cinco dias, ele relata, enquanto seu filho passou mais tempo programando o aplicativo. Muitas vezes, diz ele, os fabricantes e outras empresas esperam que os técnicos tenham ideias criativas. Em vez disso, diz Eibensteiner, é preciso haver uma conexão de conhecimento criativo e técnico, o que ele chama de “um lugar onde as duas esferas de conhecimento se encontram”. Ele acrescenta: “É aí que as idéias começam”.

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