Digitalização de embalagens: bem-vindo ao market time

As empresas devem estar atentas às suas questões, manter os olhos abertos para o que há de novo e estar preparadas para a jornada digital, pois a tecnologia não é mais uma opção; é obrigatória

Liliam Benzi

Uma pesquisa divulgada recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com mais de 1.000 empresas revelou que a indústria manufatureira brasileira é mais digital do que há cinco anos. Se em 2016 menos da metade (48%) das empresas pesquisadas utilizavam tecnologias digitais, em 2021 esse percentual subiu para 69%.

No entanto, o gargalo ainda está na pouca variedade de tecnologias empregadas, o que indica que o processo de digitalização ainda está em seus estágios iniciais. Tanto que a pesquisa revelou que 26% dos entrevistados usam de uma a três das 18 tecnologias listadas, e apenas 7% adotaram 10 ou mais delas. Para 37% das empresas, a falta de profissionais qualificados é uma barreira externa para a adoção de tecnologias digitais.

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Liliam Benzi

E surge a pergunta: como fazer a transição de um ambiente reativo para um ambiente proativo, especialmente como no caso das indústrias de embalagens, um negócio B2B? Embora muito se fale sobre a jornada da Indústria 4.0, poucos parecem ter claro por onde começar.

Uma coisa é certa, a digitalização dos processos é inevitável, assim como a digitalização das próprias embalagens é inevitável. O consumidor é digital e não vai voltar atrás. Portanto, caberá à indústria se adaptar a essa demanda.

Recentemente, a Videojet, multinacional do setor de marcação e codificação, ofereceu a um importante cliente de alimentos no Chile uma manhã exclusiva de conteúdo que abordava exatamente isso: a conectividade da embalagem para torná-la ativa e inteligente.

Segundo o especialista em realidade aumentada e embalagens interativas, Henry Assef, não só as indústrias, mas também as marcas precisam de tecnologia para chamar a atenção das pessoas nos PDVs e transmitir informações. E essa retenção de informações é 70% maior com o uso de tecnologias que ‘falam’ com o consumidor.

Por outro lado, essas tecnologias permitem que os proprietários das marcas monitorem os hábitos dos consumidores, corrigindo possíveis problemas, entregando soluções em menos tempo e, principalmente, prevendo novos hábitos de consumo. É a tecnologia transformando a embalagem em uma experiência ativa para e com o consumidor.

Mas voltando ao universo da manufatura, como começamos a jornada digital? Talvez o primeiro passo seja detectar problemas. Segundo especialistas, usar IA (inteligência artificial) para esse fim é relativamente simples. O sistema captura dados, seja por meio de sensores ou imagens, e pode visualizar o desempenho dos ativos.

Depois que a confiança é estabelecida com o sistema, fica mais fácil usar o aprendizado de máquina e a tecnologia de IA para manter os ativos funcionando sem problemas no chão de fábrica e pensar em novos aplicativos digitais. Em outras palavras, o processo é de evolução contínua.

E à medida que a IA evolui e as empresas gerenciam seus ativos de forma inteligente, elas buscam o chamado ‘Zero D’: zero defeitos e zero tempo de inatividade. O conceito não dissocia defeitos e tempo de inatividade e não recomenda uma abordagem separada. Isso ocorre porque ambos os pontos são críticos, e a indústria só alcança a verdadeira transformação quando os ‘enfrenta’ juntos.

Não importa quão alta seja a produção se houver tempo de inatividade; a empresa não atenderá às demandas. E o inverso também é verdadeiro: uma indústria muito eficiente em seus processos de fabricação, mas com um sistema de inspeção de baixa qualidade, aumentará o retrabalho.

O importante nesse processo é que as empresas estejam atentas aos seus problemas e fiquem de olhos abertos – e culturalmente preparadas – para a jornada digital. Incorporar a tecnologia digital em seus processos e embalagens não é mais uma opção; é obrigatório.

Tudo precisa ser monitorado, principalmente em um momento em que a indústria de embalagens não é mais movida por macrotendências, mas por microtendências. São movimentos cada vez mais distribuídos e diversos que dependem da tecnologia para serem transformados em processos, produtos e embalagens conectados e que façam sentido para o mercado, para a sociedade e para o meio ambiente.

Bem-vindo à era do market time.

Liliam Benzi é gestora de comunicação da WPO e dirige sua própria empresa de Comunicação e Estratégia para a indústria de embalagens, LDB Comunicação Empresarial

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