Inventário da Piticas cai de cinco horas para seis minutos

A rede de lojas e quiosques adotou a solução RFID da Presence para aumentar a eficiência nos negócios nas suas 330 lojas em todo o Brasil

Edson Perin

Com mais de 200.000 itens comercializados por mês em 330 pontos de venda em todo o Brasil, incluindo quiosques em shoppings e lojas de camisetas franquiadas de mais de 50 marcas nacionais e internacionais, como Disney, Warner, Fox, Turma da Mônica, Universal e Lucas Films, a Piticas investiu em um projeto de identificação por radiofrequência (RFID) que já implantou em 40 de seus estabelecimentos. Como resultado, a companhia conseguiu reduzir o tempo de inventario de cinco horas para seis minutos.

Cada loja com RFID está utilizando a solução de identificação por radiofrequência com o software Presence Store para ponto de venda (PDV) e, pelo menos, um leitor portátil Zebra RFID 8500. Também é necessário um smartphone para coleta de dados por Bluetooth e análise das informações. As tags são da iTag RFID Etiquetas Inteligentes, com inlays da Impinj, e coladas nas etiquetas de papel das camisetas – em breve, deverão ser costuradas separadamente. O projeto começou para fazer inventário nas lojas e na fábrica, em Guarulhos (SP), que conta com 300.000 peças no estoque de acabados, mas já está sendo planejado para outras áreas.

Antes da RFID, a maioria dos processos era manual. Dos controles de apontamento de produção até a separação dos pedidos na expedição, tudo era feito manualmente, por códigos de barras. Assim, a RFID foi implantada nos processos fabris de controle de produção, separação de pedidos e expedição. Nas lojas, a tecnologia passou a ser utilizada na movimentação de mercadorias e inventários.

O primeiro ponto favorável da mudança na fábrica foi a qualidade da informação. Os processos foram checados duplamente, por código de barras e RFID, na fase de implantação, e foram descobertos erros que passavam desapercebidos nas leituras manuais. Outro fator positivo foi a redução de custos na separação de pedidos com a queda no tempo exigido para execução da atividade. Além disso, o apontamento deixou de ser feito na coleta e aferido por RFID em uma só fase.

Nas lojas, o controle de mercadorias passou a ser totalmente automatizado e controlado por RFID, acabando com a leitura individual por códigos de barras. A implantação de RFID segue o padrão passivo EPC UHF, da GS1. “A padronização é importante uma vez que existe a viabilidade de colocação dos produtos além das fronteiras da própria rede”, afirma Felipe Rossetti, diretor da Piticas.

Os leitores estão instalados em dois ambientes totalmente distintos. Na fábrica, há portais de leitura nas passagens entre os diversos setores produtivos. Na expedição, foi instalada uma caixa com isolamento, para entrada de carrinho com os pedidos separados, para geração de nota fiscal. “Temos um carrinho de leitura utilizado em conjunto com leitores manuais destinados ao inventario do estoque de produtos acabados”, acrecenta Rossetti.

As leituras RFID nas lojas são feitas com leitores portáteis, para contagem de inventario, e para os PDVs leitores de mesa RFID UHF Identix rPad, que têm antena integrada de polarização circular, o que reduz o custo de aquisição de hardware e facilita a implantação. Além da Zebra, nesta parte foram utilizados também interrogadores da Acura. Ao todo são 12 nos portais e oito, no carrinho de inventario. Assim, em cada loja existe um aparelho RFID handheld e, como opcional, o leitor de mesa.

“Estamos usando tags adesivas fornecidas pela iTag com inlay da Impinj, fixadas nas etiquetas das mercadorias”, explica Paulo Palmerio, CEO da Presence. O desafio da implantação na fábrica, segundo Palmério, foi desenvolver um isolamento adequado e ajuste de leituras em função da quantidade de produtos e interferências no local. A densidade de mercadorias é muito grande por prateleiras o que dificultou a leitura nos inventários.

“O ambiente de loja não foi menos desafiador”, acrescentou. “Normalmente, existem 2.300 peças em um quiosque de quatro metros por três metros. A densidade de mercadorias muito grande e a presença de pequenos artefatos metálicos no ambiente da loja, e mesmo nas tags usadas anteriormente, tiveram que ser revisadas para garantir a qualidade de leitura no processo”.

Na Piticas, como a área operacional encampa a área de TI, a visualização dos benefícios da RFID foi vista com facilidade. A Piticas é uma de rede de lojas, a grande maioria quiosques de aproximadamente 12 m2, onde existe um estoque de 2.300 itens com uma diversidade de 1.300 SKUs (Stock Keeping Units). “Isto nos leva a aproximadamente 1,8 peças por SKU”, diz Rossetti. “Assim, a determinação correta do número de peças e a reposição rápida evitam perdas de vendas”.

O uso de RFID garantiu a qualidade operacional nas movimentações de estoque e, mais importante, a viabilidade de execução de inventários periódicos com uma frequência inimaginável antes. “Um inventario que era feito em cinco horas, passou a ser executado em seis minutos, o que viabiliza sua execução várias vezes por semana”, diz. Com isso, o controle de perdas foi minimizado ao extremo e a confiabilidade nas posições de estoque permitiu processos mais eficientes de reposição, uma vez que os inventários são reportados online à matriz.

O projeto já está praticamente implantado na fábrica, devendo ser estendido ao controle de volumes, expedição e transportes. “Estaremos também implantando o controle de logs de movimentação de EPC [Electronic Product Code, da GS1] desde o processo produtivo, distribuição, vendas nas lojas e retornos para trocas”, explica Palmério. “Depois das lojas, expandiremos a RFID a todas as unidades de negócios, com previsão de finalização até dezembro de 2018.

O projeto de RFID foi totalmente desenvolvido e integrado com o ERP da Presence, o Presence Domain. Foram desenvolvidas no ERP as interfaces de conectividade com o middleware da iTag, bem como revisados os processos para o uso integrado da RFID com maior eficiência. Para os inventários, foram desenvolvidos aplicativos específicos que rodam em celulares ou desktop permitindo a mobilidade adequada ao projeto.

No ambiente de loja o inventario é integrado com o PDV da Presence, o Presence Store, ou com o app para celulares e tablets Presence Count. O ERP roda em cloud computing e, nos devices, roda com uma base local, o que permite independência de internet e conexões locais.

“As experiências mostraram que o projeto superou as expectativas”, diz Rossetti. A melhor maneira de mensurar isto, diz ele, foi por meio da experiência dos usuários. “Previmos, no início do projeto, o uso compartilhado de um leitor compartilhado a cada três lojas. Isto porque o leitor é o item mais caro para o franqueado. Nas operações, porém, os próprios franqueados entenderam os benefícios e decidiram adquirir um leitor por loja. O benefício do controle e prevenção de perdas pagou o custo do leitor”, avalia.

O middleware é utilizado exclusivamente no ambiente de fábrica e foi desenvolvido pela iTag. Integrado com o ERP Presence Domain, no ambiente de loja, foi desenvolvido um aplicativo para celular Presence Count, que tem a camada de middleware embutida. O programa e todas as integrações foram totalmente desenvolvidas pela Presence.

A Piticas tem uma identidade voltada à inovação e busca soluções de tecnologia para otimizar a gestão e melhorar processos. O uso de RFID foi extremamente positivo e abriu caminho para outros projetos de tecnologia, mostrando que os investimentos envolvidos não devem ser uma restrição quando os resultados financeiros superam custos.

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