Luiz Costa
O mundo mudou significativamente desde a introdução do código de barras em 1974 e, com ele, as demandas por dados precisos aumentaram. É por isso que a GS1 desenvolveu novos padrões para dar suporte às cadeias de suprimentos modernas e às necessidades dos consumidores. A GS1 é a associação responsável pela atribuição do código de barras há mais de 45 anos. Mas o que o código de barras nos diz sobre os produtos que compramos?
O código de barras linear, com o qual a maioria de nós está familiarizado (linhas verticais em preto e branco lidas no caixa), contém uma quantidade limitada de informações sobre um produto. Na verdade, ele contém apenas o número que fica localizado na parte inferior do próprio código, em formato binário. Esse número funciona como uma chave única para cadastro em bancos de dados mantidos pelo varejista.
Porém, atualmente, os clientes estão constantemente exigindo mais informações sobre os produtos que compram, onde foram cultivados e a melhor forma de usá-los e reciclá-los. Soma-se a isto o fato de que os varejistas estão ficando sobrecarregados com o grande volume de dados que vêm de várias fontes em diferentes formatos, o que é cada vez mais complicado quando se trata de recalls de produtos. Aqui entra o código de barras 2D.
Você já deve ter visto um código de barras 2D. Eles se parecem com os QR Codes ou códigos QR (Quick Response, resposta rápida) e já podem ser encontrados em alguns medicamentos controlados. A vantagem de um código de barras 2D sobre um código de barras linear é que ele pode codificar mais dados, muito mais dados! Pode conter detalhes como o lote e o número de série de um item, que são fundamentais para o setor da saúde, bem como as datas de validade, tornando-o perfeito para rastreamento, por exemplo, de alimentos frescos. Ele pode até alertá-lo de que um produto ultrapassou sua data de validade quando digitalizado no checkout, e o sistema poderá impedir a compra.
O gigante australiano dos supermercados, Woolworths, já testou o uso de códigos de barras 2D para ajudar a reduzir o desperdício de alimentos e controlar melhor a data de validade, evitando as vendas de produtos vencidos. Seu gerente geral de capacitação de negócios, Richard Plunkett diz que “os códigos de barras 2D têm um potencial imenso para agregar em processos de rastreabilidade e também em embalagens inteligentes”.
Além de aumentar a quantidade de dados disponíveis, os códigos de barras 2D ocupam significativamente menos espaço na embalagem do que um código de barras linear tradicional. Isso permite mais espaço no rótulo do produto para ser usado para mostrar as credenciais de uma marca ou fornecer informações mais ricas sobre o produto, ajudando a construir uma maior confiança entre fornecedores e consumidores.
Então, como esse pequeno quadrado preto e branco mudará a maneira como você embala e codifica seus produtos?
Tem havido um aumento no número de produtos que chegam ao mercado com vários códigos de barras diferentes apresentados na embalagem. Por exemplo, em embalagens comuns de produtos em supermercado, já é normal encontrarmos:
- Um código de barras linear EAN para ponto de venda;
- Um código QR para informações nutricionais de rótulo inteligente;
- Um código proprietário para permitir atividades de marketing.
Os códigos não devem ocupar muita área em produtos com pouco espaço para a etiqueta ou o rótulo. Pensando nisso, a GS1 tem um novo padrão para otimizar os códigos e reduzir a poluição visual de embalagens. Ratificado em fevereiro de 2020, o GS1 Digital Link faz o que o nome sugere e permite que as informações do produto sejam conectadas digitalmente, tudo a partir de um suporte de dados (ou código de barras). Isso faz com que a experiência de consumidores em todo o mundo seja aprimorada, ao mesmo tempo que a fidelidade às marcas sai fortalecida. O GS1 Digital Link também faz com que a rastreabilidade na cadeia de suprimentos seja mais eficiente.
Semelhante à maneira como um endereço da web (URL) aponta para um site específico, o GS1 Digital Link permitirá conexões com todos os tipos de informações business-to-business (B2B) e business-to-consumer (B2C). E, em vez de se limitar a um tipo de suporte de dados, como um código de barras tradicional, as marcas agora podem usar um código QR, identificação por radiofrequência (RFID), etiqueta GS1 DataMatrix ou comunicação de campo próximo (NFC) para fornecer essas informações aos seus clientes.
A introdução do GS1 Digital Link não significa que o uso do código de barras esteja mudando. Muito pelo contrário: donos de marcas e varejistas ainda usarão o código de barras por muitos anos. Só que agora eles têm a oportunidade futura de migrar para um único código de barras habilitado para web.
Isso apoia o velho ditado de que menos é mais. Menos espaço, mais marketing, e mais inteligência às embalagens. Menos alta definição de impressão, mais legibilidade. Menos código de barras, mais dados.
A padronização é de suma importância para que as embalagens possam se tornar cada vez mais inteligentes e interligadas com o consumidor, e a GS1 está pronta para atender a esta nova demanda por meio dos seus códigos e estruturas de codificação.
Luiz Costa, executivo de Inovação e Educação na GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação (texto com informações da GS1 UK)