Brasil lidera casos de transição de códigos de barras para 2D

Ana Paula Maniero, da GS1 Brasil, fala sobre a campanha global pela mudança que impactará positivamente os negócios, inclusive a interação com os consumidores

Edson Perin

No ano em que a criação dos códigos de barras lineares completa 50 anos, a GS1 lançou uma campanha mundial para promover a transição dos códigos de barras convencionais – com os quais já estamos acostumados – para o 2D, o que impactará positivamente os negócios de diversas empresas, melhorando, inclusive, a interação e o relacionamento com os seus consumidores. Para isto, a GS1 criou seis grandes grupos de oportunidades com os códigos 2D: Gestão de Estoque; Rastreabilidade; Segurança; Sustentabilidade; Engajamento do Consumidor; e Embalagem Aprimorada.

Para as empresas a operação não implicará em custos adicionais e trará muitos benefícios, já que os códigos 2D permitem incluir informações adicionais sobre os produtos e podem ajudar no processo de despoluir as embalagens, permitindo um layout mais limpo e atraente, com informações úteis ao consumidor. Segundo Ana Paula Maniero, executiva da GS1 Brasil, o objetivo é engajar e incentivar o mercado para o uso dos códigos bidimensionais (2D).

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Clique aqui e assista à entrevista com Ana Paula Maniero, na íntegra

“A gente tem muitos cases no mundo e o Brasil é o que tem mais cases, o que nos orgulha demais, porque é um movimento que a GS1 Brasil abraçou desde o início. Somos um dos pioneiros e com grande destaque no mundo”, afirmou a executiva.

Ana Paula exemplificou a necessidade da transição com uma lata de Coca-Cola dos Estados Unidos que reúne um conjunto de tecnologias de identificação para atender a diversos tipos de demandas. “Aqui nesta lata de Coca-Cola a gente vê um QR Code, que é para ser lido com a câmera do smartphone; uma Realidade Aumentada, que a Coca-Cola usa com um aplicativo; o código de barras linear, utilizado no caixa do varejo; atrás tem uma tag de identificação por radiofrequência (RFID), para a logística; e ainda tem impressas informações de lote e validade, por obrigação da legislação”.

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Meme da internet brinca com transição dos códigos de barras lineares (esq) para os QR Codes ou 2D: “Atualizado, cara!”

Todas essas soluções, diz Ana Paula, atendem às necessidades esporádicas da cadeia de suprimentos dos produtos, e que acabam poluindo a embalagem, entre uma de suas consequências. “Ou seja, são informações que devem constar no produto e que, assim, geraram uma indagação: como atender a todas estas obrigações com uma única tecnologia”, atesta. “Foi aí que a GS1 falou dessa migração global para o Código 2D”.

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Ana Paula Maniero, GS1-Brasil

A executiva da GS1 Brasil afirma que “haverá um processo de transição, com os códigos linear e bidimensionais nas embalagens, e no futuro o código 2D poderá ser lido em qualquer ambiente de captura de informação, incluindo a entrega para o consumidor final ou um PDV [ponto de venda] móvel, dentro da própria loja. Na visão da GS1, em breve, o mundo inteiro estará inundado por este tipo de tecnologia”.

Na opinião de Ana Paula, o que se está pretendendo é cada vez mais integrar os mundos físico e digital. “O código de barras [linear] sempre foi pensado para automação, automação de PDV, processos, agilidade… o que continua. E os códigos bidimensionais têm uma performance de leitura maior nos PDVs, melhorando o processo de automação, e propiciando uma série de casos de uso, que inclusive envolvem o engajamento do consumidor. A informação poderá ser lida de forma rápida e intuitiva pelo consumidor, por meio da câmera do celular ou de um aplicativo, dependendo da ativação estabelecida pela indústria ou varejo”.

O objetivo da GS1, com esta campanha global, é permitir que estes projetos de 2D sejam interoperáveis mundialmente. “Assim, uma micro e pequena empresa brasileira que utilizar este sistema poderá ter seu produto lido, reconhecido, interpretado e automatizado em qualquer parte do mundo”, explica Ana Paula. “Agora, estamos trabalhando para que todo o varejo tenha como ler os códigos 2D e obter os seus benefícios”.

Há dois códigos 2D com os quais a GS1 trabalha para permitir que sejam lidos de modo padronizado em qualquer lugar do mundo: são o Datamatrix e o QR Code. “O Datamatrix é o que já tem sido largamente utilizado nos medicamentos [devido à norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determinou a serialização dos medicamentos até 28 de abril de 2022], além outros produtos para a saúde em todo o mundo”, afirma Ana Paula. “Então, quando estamos falando de migração para 2D estamos falando obrigatoriamente destes dois: o Datamatrix e o QR Code”.

Com a padronização dos códigos, o objetivo envolve fazer com que outras empresas, distribuidores, varejo etc. consigam ler de forma automatizada todos os produtos e ter acesso a todas as informações. “Este é o papel da GS1: padronizar e engajar. O papel do mercado é: entender os benefícios e abraçar esta tecnologia que é a base para atingir estes ganhos”, atesta.

A migração para o 2D se faz necessária, de acordo com Ana Paula, porque cada vez mais o consumidor quer acesso rápido às informações, para saber a composição dos alimentos, por exemplo. “Nosso senso de urgência hoje é muito maior do que o de 30 anos atrás”, diz Ana Paula. “Hoje o código de barras linear só tem o GTIN [Global Trade Identification Number] do produto – o EAN. O código 2D pode ter uma série de informações adicionais, além do GTIN, como o lote, a validade, o peso e muito mais – o limite do uso é a criatividade”.

Clique aqui e assista à entrevista com Ana Paula Maniero, na íntegra.

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