Ausência de Ethevaldo Siqueira deixa um hiato no Jornalismo

Jornalista grandioso, influente e pioneiro na cobertura das Tecnologias da Informação e Comunicações, a falta do Professor Ethevaldo deixa também um rombo em nossos corações

Edson Perin

O pior de ter de escrever sobre a morte de um amigo grandioso e brilhante como o Ethevaldo Siqueira – jornalista influente e pioneiro na cobertura das Tecnologias da Informação e Comunicações (TICs) – é que nunca vou me sentir satisfeito ou justo o suficiente. Não seria correto, porém, com a memória do meu querido Professor Ethevaldo Siqueira abster-me e não me arriscar a escrever algumas linhas sobre este Brasileiro de Primeira, por mais que isto seja difícil e também uma fonte de dor.

Escrevi brevemente num post da Internet o que segue:

“O grande Ethevaldo Siqueira foi meu professor de Jornalismo na ECA-USP, depois colega e sempre um grande amigo. Guardo comigo alguns de seus livros, boas conversas, memórias e histórias especiais… Como aquela de sua mãe, que foi telegrafista, batucando código morse para se comunicar com ele na mesa de jantar. O Professor Ethevaldo deixa um rombo em nossos corações e um hiato no Jornalismo de qualidade e no mundo das Comunicações”.

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Imagem de O Estado de São Paulo noticiando a morte de Ethevaldo Siqueira

Ethevaldo foi da primeira turma que se formou em Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Entrou para o Grupo O Estado de S. Paulo em seus primeiros anos de carreira, onde começou como repórter e chegou, após anos de trabalho sério, a colunista do jornal O Estado de S. Paulo, numa longa e influente trajetória profissional.

Realizou eventos com autoridades brasileiras e internacionais, com o intuito de aprimorar os sistemas de Comunicações em nosso Brasil. Teve papel ativo e relevante no desenvolvimento e nos avanços do que hoje temos neste segmento de mercado no país, especialmente com a RNT (Revista Nacional de Telecomunicações), que fundou nos anos 1980.

Ethevaldo Siqueira teve amigos como o saudoso Sérgio Motta, que foi ministro das Comunicações no governo FHC e que muito contribuiu para que as telecomunicações saíssem – ao menos parcialmente – debaixo da tirania dos políticos brasileiros e do espírito estatizante desta turma. Assim, conseguimos – por exemplo – iniciar rapidamente uma Internet acessível e desburocratizada.

Ethevaldo entrevistou gigantes globais do mundo da tecnologia, como o fundador da Microsoft Bill Gates, entre outros tantos personagens de peso na História das TICs. Cobriu eventos internacionais, escreveu livros, foi colunista de emissoras de rádio, como a Eldorado e a CBN, e professor de gente como eu, que devo muito a ele, não apenas como um grande orientador, mas também como um parceiro de primeira, inclusive em momentos difíceis.

Tinha 90 anos completos quando, neste dia 17 de outubro de 2022, a leucemia deu-lhe o golpe fatal. Assim como todos nós, que também seremos levados da Terra a qualquer hora, o Professor Ethevaldo Siqueira também teve de nos deixar. Porém, diferente de muitos, Ethevaldo foi um cara realizado, cumpriu o seu papel e sabia disto.

Azar de nós que perdemos um Jornalista com “J” maiúsculo, numa época em que o Jornalismo passa por uma crise de credibilidade. Azar de nós, amigos dele, que ficamos com um rombo gigante no peito.

Sorte de nós, porém, que tivemos a oportunidade de aprender com o Professor Ethevaldo, que tanto trabalhou pelo país. Sorte de nós que aprendemos com Ethevaldo Siqueira como deve ser o verdadeiro Jornalismo.

Professor Ethevaldo, foi um honra ter conhecido o senhor.

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