Totvs aposta em potencializar negócios em 2022

A diretora Angela Gheller falou, com exclusividade ao IoP Journal, sobre as estratégias em cadeias de suprimentos, uso de embalagens inteligentes e sustentabilidade

Edson Perin

A Totvs, empresa brasileira que se tornou multinacional no mercado de software de gestão empresarial (ERP), aposta em potencializar os negócios de seus clientes em 2022. Em entrevista exclusiva ao IoP Journal, Angela Gheller, diretora de Manufatura, Logística e Agroindústria, falou sobre as estratégias em cadeias de suprimentos, uso de embalagens inteligentes e sustentabilidade, envolvendo tecnologias diversas, incluindo de Internet das Coisas (IoT) e de identificação por radiofrequência (RFID), além de Códigos 2D, como QR Codes.

Assista à entrevista na íntegra: clique aqui.

Angela exemplificou as estratégias da Totvs com o case da Leal Indústria e Comércio, fabricante de equipamentos de proteção individual (EPI), que conseguiu reduzir em 20% o tempo de conferências dos pedidos de seus clientes. O resultado foi obtido graças ao uso de uma solução de identificação por radiofrequência (RFID) desenvolvida pela PC Sistemas, empresa goiana adquirida pela Totvs na década passada.

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Assista à entrevista com Angela Gheller, da Totvs, na íntegra: clique aqui

O RFID Journal Brasil, precursor do IoP Journal, apurou este case em 2017, com informações que republicamos a seguir:

A fabricante de EPIs administra um estoque de mais de 500 mil artigos, distribuído em dois centros de distribuição: um em Campo Limpo Paulista (SP) e outro em Navegantes (SC). São 15 mil itens ativos e um cadastro total de 60 mil especificações. Todo esse volume de produtos exige da empresa um nível de controle muito alto e foi por isso que a Leal buscou a solução de RFID da Totvs para rastrear suas mercadorias.

“Nosso portfólio é bastante diversificado incluindo roupas; equipamentos de segurança, como luvas, cintos paraquedistas; entre outros. E uma linha não tem necessariamente relação com a outra”, explica Adailton Siqueira, gerente de sistemas da Leal. “Com um espaço físico limitado, acontecia de perdermos itens dentro do depósito e corríamos o risco de fazer entregas erradas”. O aumento do controle do estoque com RFID permitiu para atender melhor as auditorias externas.

A solução utiliza dois portais com leitores fixos, localizados nas seções de Recebimento e Expedição. “No Recebimento, usamos nos produtos importados, fabricados ou em transferência, que ficaram armazenados no estoque. Já na Expedição, adotamos no embarque das notas de faturamento”.

“Com a RFID, alcançamos uma otimização de 30% no tempo das operações, com mais velocidade de expedição e transformação de produtos, além da exatidão na rastreabilidade, garantindo acuracidade no estoque”, atesta Siqueira, dizendo que, após o período de adaptação, houve também uma melhora de 15% na separação dos pedidos; 20% na conferência; e de 15% também na conferência da nota.

Antes, o processo era totalmente manual. “Realizamos com RFID um inventário envolvendo 2,2 mil pallets, o que antes era impossível”, completa Alain Levy, sócio-diretor de operações da Leal. Os produtos da Leal saem de suas instalações com as tags. “Nosso intuito é auxiliar os nossos clientes a adotar RFID para o controle de EPIs que serão utilizados pelos seus funcionários”.

Outra necessidade da empresa que foi atendida pela tecnologia de RFID foi o controle de data de validade dos artigos já comercializados que ficam em seus clientes. Por serem produtos que envolvem a segurança e integridade física dos usuários, os EPIs têm um prazo de vida útil pré-determinado e, em alguns casos, precisam passar por inspeções rotineiras.

“Essa funcionalidade garante que os nossos clientes e seus funcionários estejam protegidos de acidentes, além de reduzir o risco de não conformidade em auditorias de segurança do trabalho”, explica Jacques Levy, sócio-diretor comercial da Leal. Com o sistema RFID, as empresas que compram da Leal serão avisadas, em seus sistemas, que os prazos de inspeção e expiração estão próximos.

O projeto de implantação teve três fases. Na primeira, de auditoria, o investimento foi feito no controle de estoque, com foco no inventário em uma linha específica de luvas e mantas isolantes. Foram etiquetados 15 mil itens com tags RFID. Depois foram verificadas as informações, para saber se não havia variações indevidas.

Na segunda etapa, foram realizadas melhorias no processo de compra de rolos de tecidos. As etiquetas RFID identificam cada rolo, que tem 170 metros cada, e aponta quantos metros já foram utilizados na produção e quantos ainda permanecem na devolução ao estoque. Na terceira fase, a matéria prima entra no armazém já identificada com RFID e a saída conta com conferência com a mesma tecnologia.

“No teste da checagem, identificamos oportunidades para otimizar o nosso processo. Devido à forma como as peças são armazenadas, especialmente no caso das roupas, a conferência pode ser divergente. Por isso, decidimos redesenhar nosso armazenamento, para melhorar a produtividade da operação”, conta Siqueira.

A implantação trouxe mais evoluções e os próximos passos da empresa serão adequar e aperfeiçoar as etiquetas internas para cada tipo de produto e padronizar o uso da RFID de acordo com o padrão EPC (Electronic Product Code) da GS1.

“A Totvs trabalha para ser mais do que uma fornecedora de tecnologia, mas uma parceira no desenvolvimento do negócio dos clientes. O projeto desenvolvido na Leal mostrou que a escolha de uma ferramenta como a RFID pode trazer melhoras nos processos de uma empresa, dando espaço para esta crescer e conquistar mais competividade no seu segmento”, diz Gustavo Bastos, vice-presidente de supply chain da Totvs.

“Implantar RFID foi uma experiência positiva. Na verdade, houve todo tipo de experiência, pois a RFID é composta por hardware, software e etiquetas, que têm pelo menos três fornecedores diferentes”, afirma Siqueira. “Por isso, quando há problema é difícil coordenar uma resolução com os três fornecedores concomitantemente. Fica a cargo da Leal conciliar. O desafio é ainda ler pallets com RFID e com confiabilidade total. Ainda temos problemas na leitura de pallets nos portais”.

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