O exemplo da Coca-Cola

Desafios de negócios, como reduzir o uso de embalagens plásticas, motivaram a empresa a investir em tecnologias para controlar a reciclagem e engajar os consumidores

Edson Perin

Não é todo dia que a gente acorda e vê iniciativas de empresas interessadas em se tornarem mais amigáveis com o meio ambiente. Afinal, os custos para isto são bem altos, os desafios enormes e as mudanças, como todas, dolorosas. Então, quando isso acontece [de a gente acordar e ver iniciativas de empresas interessadas em se tornarem mais amigáveis com o meio ambiente], temos mesmo de prestar atenção, analisar para aprender, valorizar as iniciativas e, exercendo o papel de consumidor, apoiar.

A Coca-Cola, para mim, se tornou um exemplo entre as companhias interessadas em resolver o problema mundial do lixo. Primeiro, pela seriedade de sua participação no Coca-Cola Challenge (leia mais em Embalagens Inteligentes estão em alta entre grandes empresas), que presenciei pessoalmente no mais recente evento da AIPIA, em Amsterdã. E, segundo, por iniciativas que a empresa está colocando em prática.

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Edson Perin, editor

A mais recente notícia positiva que tive da Coca-Cola foi divulgada nesta semana e mostra a companhia substituindo o plástico de seus pacotes de latas de refrigerante por papelão, muito mais facilmente degradável pela natureza do que os insumos originados do petróleo. E o que a companhia está fazendo acelera diversos mercados de tecnologias de embalagens, especialmente as tecnologias de Internet of Packaging (IoP) – leia mais em IoP mostra força no World Congress 2019.

Atualmente, as marcas da Coca-Cola vão além dos tradicionais refrigerantes gaseificados, porque envolvem águas – incluindo a opção com gás –, chás, energéticos, sucos etc. Muitas das empresas fornecedoras de tecnologias de IoP, especialmente de identificação por radiofrequência (RFID) e Impressão Digital, têm visto os desafios da Coca-Cola pela reciclagem de embalagens como oportunidades para explorarem novos negócios.

No AIPIA World Congress 2019, ficou claro que as engrenagens de fornecedores de tecnologias e cliente se encaixam: de um lado empresas que desenvolvem soluções tecnológicas avançadas e do outro a companhia compradora, com desafios bem definidos.

A maior parte das tecnologias oferecidas no evento para rastreamento de embalagens envolvem RFID. Somam-se ao rastreamento, a Experiência do Consumidor com RFID, por meio dos chips de Near Field Communication (NFC ou comunicação de campo próximo), que podem ter como interface um smartphone.

Em vídeo, executivos da Coca-Cola revelam os desafios e metas da companhia com IoP

Das tecnologias de IoP expostas no AIPIA World Congress cerca de 80% eram relacionadas a semicondutores, basicamente RFID, cuja introdução faz sentido a partir da manufatura, para rastreamento de mercadorias por UHF, e que pode entregar Experiência ao Cliente, por meio de outro chip, se inserido; neste caso, o de NFC.

Porém, pelo caminho inverso, a Impressão Digital está começando forte na parte de Experiência do Cliente e Garantia de Autenticidade de produtos, ou seja, lá na ponta do consumidor, e “caminhando” para dentro da cadeia de suprimentos, com ganhos nos processos de logística, armazenagem e – no todo – de supply chain.

O melhor dos mundos será a hora em que os processo de supply chain mesclem RFID com Impressão Digital, facilitando a melhoria da Experiência do Consumidor e a Garantia de Autenticidade de produtos, sem custos adicionais com outros ICs (ou circuitos integrados). E esta inteligência na adoção das soluções deve ser liderada por empresas como a Coca-Cola, que tem buscado consultores de negócios mais frequentemente do que os de tecnologias.

O resultado da estratégia da Coca-Cola deve ser um exemplo para o mercado em geral. Ou seja, tirar o foco das tecnologias por si só e aumentar a visão de que o negócio tem em si o core de cada empresa, das menores às gigantes. Vamos assistir.

Edson Perin é editor do IoP Journal Brasil e fundador da Netpress Editora.

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