Fernanda Galera e Beatriz Beserra
A cultura organizacional já vem passando por mudanças expressivas por conta do desenvolvimento tecnológico há um tempo. Estamos enfrentando, mais do que nunca, novos desafios em nosso cotidiano. Com a adesão imediata do home-office, ocasionada pela pandemia da Covid-19, precisamos nos adequar ao uso dessas novas tecnologias e as demandas de uma internet mais rápida e eficiente, de forma a agilizar e automatizar todo o possível.
Com isso o uso de conceitos e terminologias como a implantação da tecnologia 5G, em substituição ao 4G, ou da existência do 6G, ou ainda sobre o uso de IoT para tudo, ganhou maior relevância. Termos que antes eram destinados aos especialistas ganharam as páginas dos jornais.
De acordo com a definição da Oracle, a Internet das Coisas (IoT) descreve a rede de — “objetos físicos” — incorporados a sensores, software e outras tecnologias com o objetivo de conectar e trocar dados com outros dispositivos e sistemas pela internet. A IoT muda a forma como pessoas interagem com aparelhos. Com essa tecnologia vemos objetos que antes não trariam análises de dados, agora, compartilhando informações relevantes. Como, por exemplo, escovas de dentes inteligentes, carros cada vez mais automatizados e outras tecnologias que vemos no nosso dia a dia, inclusive os nossos smartphones.
Contudo, hoje, ainda temos alguns desafios de conectividade para o amplo desenvolvimento da IoT, e é nesse momento que se revela a importância do 5G e da análise conjunta dessas tecnologias. Com a chegada da tecnologia do 5G, é esperado que os dispositivos sejam capazes de se comunicar e conectar de forma mais eficiente e segura, a qualquer momento.
A tecnologia de 5ª geração vai reduzir a resposta da conexão – latência – e isso vai ser determinante para que os dispositivos com internet embarcada consigam fazer trocas de informação de forma mais rápida, além de criar conexões mais estáveis e seguras. A capacidade de banda ofertada também será maior para suprir a necessidade originada pelo consumo crescente de conteúdo digital, incluindo atualizações em tempo real e que podem apresentar instabilidades devido aos problemas de conectividade.
Algumas outras mudanças ocasionadas pela união do 5G com IoT dizem respeito aos esquemas avançados de modulação para acesso sem fio, ao gerenciamento automatizado do ciclo de vida de aplicativos de rede, a rede definida por software, ao suporte para aplicativos de rede distribuída otimizados para nuvem e aos recursos de divisão de rede; entre outros.
Neste sentido, inclusive, é a percepção do público consumidor, que segundo informações divulgadas por uma pesquisa realizada pela empresa do setor de telecomunicação Ciena na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Mexico e Peru, 84% dos entrevistados acreditam que o 5G poderá melhorar a qualidade de vida e auxiliar na acessibilidade digital da população. Outros 56% veem que essa tecnologia poderá ter um impacto econômico positivo.
Os números divulgados por essa pesquisa, referendam, ainda, as previsões divulgadas pelo Gartner em seu “IoT forecast”, o qual divulgou recentemente que a base instalada de endpoint (pontos de extremidades) 5G crescerá 14 vezes entre 2020 e 2023, de 3.5 milhões de unidades para 48,6 milhões. Em 2028, a base instalada chegará a 324.1 milhões de unidades – ou seja, um aumento significativo.
O investimento em ambas as tecnologias, facilitará o desenvolvimento de cidades inteligentes e impulsionará a transformação digital para níveis inimagináveis pela maioria da sociedade, o que corresponde, inclusive, com as expectativas de 81% do público consumidor, que vê como “muito atraente” o desenvolvimento desta possibilidade, segundo os dados da Ciena.
Tais soluções apesar de parecerem distantes da realidade, já são pensadas e trabalhadas pela indústria, em especial quando pensamos nas questões de supply chain. Um setor que se torna cada vez mais relevante com a transformação digital acelerada pela pandemia e que está em constante desenvolvimento e remodelação diante das novas possibilidades e desafios trazidos pela atual sociedade.
Para além da possibilidade de realização de entregas com drones, por exemplo, a pandemia revelou os problemas de abastecimento de itens básicos como papel higiênico até mesmo sofás e cadeiras ergonômicas, além de ressaltar a necessidade do cuidado com embalagens mais seguras e com detalhes claros e facilmente acessíveis acerca da validade dos seus produtos.
Com o advento da IoT hoje já vemos no mercado até mesmo Embalagens Inteligentes (Smart Packaging). Apesar de parecer “meio Jetsons” tais soluções não buscam apenas comunicar da melhor forma ao consumidor os detalhes do conteúdo, garantindo, assim uma melhor experiência. Elas também monitoram o produto e asseguram que a sua vida útil seja mais longa, detalhando informações acerca da sua qualidade, estado e outros detalhes eventualmente necessários, por exemplo.
Entretanto, esse próximo nível tecnológico dependerá da melhora da conectividade e acessibilidade de internet para toda a sociedade, o que é uma das necessidades dos consumidores, segundo apontado por 80% dos entrevistados pela Ciena. Amarrando, novamente, a intrínseca relação entre 5G e IoT como uma tendência, necessidade e por que não, futuro iminente.
A integração dessas tecnologias é um dos fatores que podem nos impulsionar como sociedade para um desenvolvimento mais efetivo, para além dos discursos sobre a existência de uma nova revolução tecnológica. Entender os recursos que temos e as soluções que estão disponíveis é crucial para o nosso desenvolvimento.
Dessa forma, precisamos analisar atentamente cada nova tecnologia para assim entendermos o seu potencial, seus riscos e contribuirmos essa transformação. Fugindo, assim, de discursos rasos ou do senso comum de que precisamos inovar, mas efetivamente analisando, pensando, criando, participando e associando conhecimentos e tecnologias para a construção deste desenvolvimento.
Fernanda Galera é sócia da Daniel Advogados.
Beatriz Beserra é assistente jurídica da Daniel Advogados.