Claire Swedberg
A empresa global de pneus Michelin vem pesquisando, projetando e testando etiquetas RFID em seus produtos de pneus há anos para criar o que chama de pneu conectado que se comunica com aqueles com leitores RFID.
Mais recentemente, com a empresa de eletrônicos Murata, está prosseguindo em sua etiqueta de quarta geração que vem com uma antena espiral de 37 milímetros de comprimento e corre horizontalmente pela parede lateral do pneu. Ela não requer adesivo, é mais flexível do que suas antecessoras e pode ser reciclada com o pneu.
Em maio, a Murata firmou um acordo de licenciamento com a Michelin para integrar esta etiqueta da versão Gen 4 aos pneus da empresa. A produção em massa das etiquetas está prevista para janeiro de 2025 e também estará disponível para outros fabricantes de pneus. A etiqueta mais recente foi projetada para ser de baixo custo, versátil e mais sustentável. A etiqueta é composta por uma única antena de mola com capacidade aprimorada para absorver estresse mecânico.
Michelin lidera o lançamento de pneus RFID
A Michelin vem construindo a tecnologia passiva UHF RAIN RFID em seus pneus — cerca de 50 milhões até agora — começando com caminhões leves e pesados, bem como ônibus. A empresa agora está mirando os pneus usados para carros de passeio, em todo o mundo, disse Laurent Couturier, designer do sistema RFID da Michelin. Isso significará etiquetar 100 milhões de pneus.
A empresa faz parte de um lançamento global e em toda a indústria de pneus da tecnologia RFID para identificar exclusivamente cada pneu conforme ele é produzido e enviado aos varejistas, mas também conforme é usado, reciclado ou descartado. A tecnologia se torna mais imperativa nos próximos anos, pois os requisitos do Passaporte Digital de Produto (DPP) da UE colocam um mandato na identificação exclusiva de pneus vendidos e usados na Europa.
Versões anteriores das etiquetas RFID Michelin foram incorporadas às camadas de borracha dos pneus e fornecem funcionalidade de leitura de alta qualidade, disseram executivos da empresa. No entanto, a versão mais recente tem uma antena mais flexível, tornando-a mais robusta durante a vida útil do pneu na estrada, e não requer o revestimento adesivo Chemloc para fixá-la à borracha do pneu que as versões anteriores empregavam.
Etiqueta recém-projetada
A geração 4 se refere não apenas ao novo design da etiqueta, mas à solução de incorporação. Uma característica fundamental é a capacidade da etiqueta de suportar restrições mecânicas ou pressão durante a vida útil do pneu, mantendo o mesmo desempenho eletromagnético.
A etiqueta é incorporada horizontalmente nas camadas de borracha do pneu, de modo que o movimento e as restrições mecânicas do pneu na estrada tenham o menor impacto na estrutura do chip e da antena. E a antena helicoidal mais recente, enrolada, é mais flexível do que as versões anteriores, para torcer e dobrar para absorver o estresse mecânico e térmico colocado naquele pneu.
A antena mais leve e a ausência de adesivo a tornam menos cara e mais fácil de incorporar, disse Couturier. “A integração dentro do pneu é muito mais fácil”, ele disse, e a flexibilidade permite que a antena gire e se encaixe para absorver o estresse mecânico e térmico.
“Portanto, a etiqueta mais recente foi projetada para ser muito mais compatível com o comportamento do pneu”, disse Couturier.
Como a etiqueta é menor do que as etiquetas anteriores e composta do mesmo material do próprio pneu, ela é compatível com o processo de reciclagem do pneu.
Esforços em toda a indústria para implantar RFID
A Michelin vê seus concorrentes fabricantes de pneus como colaboradores quando se trata de desenvolvimento e implantação de tecnologia RFID. Na verdade, o esforço para tornar as etiquetas RFID disponíveis e universais em todas as empresas serve para beneficiar toda a indústria, relatou a empresa.
“A Michelin tem uma atitude muito aberta [para ajudar] toda a indústria a ir na mesma direção”, quando se trata de conectividade de pneus, disse Couturier.
Parte desse esforço se concentra não apenas nos desafios físicos exclusivos para etiquetas RFID em pneus, mas no armazenamento e gerenciamento de dados. Um exemplo é o desenvolvimento de um serviço de informações pela associação industrial Global Data Service Organization (GDSO) que permite aos usuários recuperar dados associados ao ID exclusivo de cada pneu (o formato do número de série – SGTIN96).
O objetivo de longo prazo do grupo — e da Michelin — é a digitalização da indústria de pneus, o que permitirá novos serviços baseados em pneus conectados de diferentes empresas. O processo está bem encaminhado, pois mais de 50 milhões de pneus estão atualmente equipados com etiquetas RFID UHF RAIN.
A Michelin também está trabalhando com a Beontag e a Hana RFID para produzir mais etiquetas RFID específicas para pneus para dar suporte à demanda que está chegando. Esses acordos permitem que as empresas de pneus empreguem os mesmos pneus da Geração 4 em seus próprios produtos.