Levi’s controla estoque com acerto próximo de 100%

O inventário de loja, que era feito uma vez por ano, em 12 horas e com 10 pessoas, passou a ser realizado, com tags RFID, uma vez por mês, em três horas e com duas pessoas

Por Edson Perin

O uso bem-sucedido de identificação por radiofrequência (RFID) pela subsidiária brasileira da Levi’s, marca norte-americana de jeans, camisas, camisetas, cintos, bonés e calçados, já se tornou um caso de sucesso internacional na própria companhia. Graças à RFID, a Levi’s brasileira controla os estoques de produtos em suas lojas próprias, com praticamente 100% de exatidão. O projeto traz resultados positivos desde o início da operação com etiquetas inteligentes, o que passou a ser feito no segundo semestre de 2017.

Quando o pedido é separado no Centro de Distribuição (CD), o pallet vai para a área responsável pela etiquetagem RFID. Após finalizar, as caixas passam pelo portal de conferência, para validar 100% da nota fiscal, e quando chega à loja, a loja confere 100% dos itens enviados com o leitor RFID. Na loja, um recebimento de 2.000 peças leva em média quatro minutos, com precisão. “Tínhamos um acerto de inventario nas lojas de aproximadamente 67% [antes da RFID]. Após 18 meses de uso de RFID, esse número subiu para 99,78%”, afirma Rui Araújo Silva, diretor geral da Levi’s no país.

Rui Araújo Silva, da Levi’s
Rui Araújo Silva, da Levi’s

A Levi’s Brasil resolveu testar a solução de RFID inicialmente em 16 lojas próprias, de um total de 78 pontos de venda no país. A decisão se deveu, principalmente, ao uso de um mesmo sistema eletrônico de gestão (ERP) nestes estabelecimentos, já que as outras 62 lojas que vendem produtos da companhia utilizam 12 ERPs diferentes. O inventário de loja, que era feito uma vez por ano, em 12 horas e com 10 pessoas, passou a ser realizado, com tags RFID, uma vez por mês, em três horas e com duas pessoas.

A implantação RFID da Levi’s Brasil segue o padrão passivo EPC UHF, da GS1, gerado a partir do código UPC padronizado pela Levi’s internacional, que é utilizado tanto nas filiais do Brasil como nas parceiras de outros países. “A vantagem é que, ao ler o código, fazendo a conversão reversa, qualquer filial da companhia pode entender que se trata do UPC global, com o qual já estão habituadas as trabalhar”, Sérgio Gambim, CEO da iTag, empresa responsável pela implantação da RFID na companhia multinacional.

A primeira prova de fogo da solução ocorreu no final de semana da Black Friday, no ano de 2017, quando a empresa computou 56% de aumento nas vendas em relação a 2016. O resultado se deveu a diversos fatores, incluindo o uso de RFID, de acordo com Silva. “Não podemos dizer que o bom resultado foi todo graças à RFID, mas sabemos que a tecnologia foi muito importante na conquista deste primeiro desempenho positivo após a sua implantação”.

“Uma coisa é certa: a capacidade de repor peças nas prateleiras com facilidade e velocidade foi um dos elementos determinantes deste crescimento de vendas em nossas lojas. Só não sabemos precisar o quanto foi graças à RFID especificamente”, argumentou Silva em sua primeira entrevista ao RFID Journal Brasil. Para ele, implantar RFID foi uma experiência positiva para a Levi’s. “Adaptar nosso sistema para a chegada da RFID e convencer as pessoas de que este era o melhor para a empresa, uma mudança cultural, foi um desafio”.

Com a RFID, foi possível atender os clientes com maior eficiência, diz Silva, afirmando que a meta é que toda mercaria venha de fábrica com tags RFID, para alcançar 100% de acuracidade no recebimento. Os chips em uso são Impinj Monza R6, encapsulados pela iTag em suas etiquetas inteligentes. “As etiquetas RFID, em casos de troca ou cancelamentos de pedidos, são mantidas e reaproveitadas”, explica Gambim.

  Jeff July, da Levi’s
Jeff July, da Levi’s

“Acertar os modelos de tag e de equipamentos de leitura, com o melhor custo benefício e que melhor nos atendiam, foi um grande desafio”, explica Silva, adicionando que as tags foram colocadas em todas as mercadorias vendidas no país, sendo uma parte desta mercadoria produzida localmente – cerca de 20% – e o restante importado de parceiros do exterior.

A RFID na Levi’s envolve uma equipe de profissionais em diversas áreas, como controladoria, tecnologia da informação, infraestrutura e gerência de varejo. “O time é sócio do projeto”, diz Silva, para quem a identificação por radiofrequência se tornou uma realidade sem volta. “[Antes da RFID], não havia conferência de recebimento nas lojas e não tinha conferência de saída no CD [Centro de Distribuição]. Agora, 100% da mercadoria é conferida”.

A tecnologia está sendo utilizada para rastrear produtos desde quando são recebidos no CD, o que envolve em seguida a finalização dos “pedidos de compra”, transferência, conferência dos volumes lacrados (item versus Nota Fiscal), envio para as lojas, onde ocorre a conferência final no recebimento. A tecnologia também está sendo empregada nos processos de venda e inventário, além da solução antifurto.

No CD, onde ocorrem a impressão das etiquetas, o recebimento das mercadorias e a finalização dos pedidos de compra, também se realizam o faturamento dos pedidos de venda para as franquias multimarcas e a transferência para as lojas próprias. Em seguida, conferem-se os volumes lacrados, comparando os itens empacotados e a nota fiscal das mercadorias. Com as tags inseridas em todos os produtos, a RFID facilita, logicamente, o controle de inventário e a localização de mercadorias.

O checkout nos caixas de pagamento também utiliza a identificação por radiofrequência para realizar as vendas, dar baixa automática dos itens comercializados no estoque e também para impedir a passagem de produtos furtados pelo portal de saída. Todas as tags estão adequadas ao padrão GS1. “Nos produtos da Levi’s utiliza-se codificação SGTIN-96/EPC Gen 2. Será utilizado também o padrão SSCC com DataMatrix GS1 para a cadeia logística dos volumes. E o EPCI’S para fluxo de informações entre toda a rede”, diz Gambim, da iTag.

Jefferson de Paulo, da Levi’s
Jefferson de Paulo, da Levi’s

O processo de impressão das etiquetas ocorre no CD, após a conferência dos produtos que são recebidos da Levi’s do México ou impressos pela produção no Brasil. Para realizar as impressões, o middleware iTag Iprint verifica a quantidade de itens e aciona a impressora SATO CL4NX, que produz as etiquetas seguindo o padrão GS1. Os produtos etiquetados são armazenados em caixas lacradas e são validados no portal RFID de entrada de mercadoria, para depois seguirem ao estoque onde, posteriormente, serão enviados às lojas pelo processo de picking.

Assim que o CD recebe a solicitação de transferência para as lojas, o processo de picking é realizado com as caixas que embalam os produtos a serem transferidos. Uma leitura RFID é realizada no portal de saída de mercadorias após o processo de picking. O software iTag Alert 2.0 é alimentado com as informações de transferência com os produtos a serem expedidos. Finalizado o processo de expedição, a caixa é lacrada e lida novamente auditando cada item com a nota fiscal. No momento de chegada na loja, o processo de ler a caixa lacrada garante a acuracidade dos itens lidos, lacrados no CD.

Para a contagem massiva ou parcial das mercadorias estocadas, a Levi’s utiliza 20 unidades do leitor RFD 8500i da Zebra Technologies, vinculado ao aplicativo para celular Android iTag Alert. Assim, o operador realiza a leitura pelo coletor e obtém os resultados direto no aplicativo, com informações sobre o inventário total ou parcial dos produtos, FIFO (First In, First Out), ruptura, e localização de cada item.

Nas lojas da Levi’s, os produtos etiquetados ficam expostos na área de vendas. Quando o cliente finaliza sua compra, segue para o caixa onde todo o processo de venda será realizado pelo iTag Monitor integrado ao ERP da Levi’s.

Harald Wold, da Levi’s
Harald Wold, da Levi’s

Para validar o controle dos produtos furtados na loja, no momento do faturamento dos produtos, o software iTag Anti-Furto 2.0 valida o faturamento dos itens gravando o número de nota fiscal de saída. Caso um item não tenha sido faturado e não conste a nota fiscal de saída, o software acusará na saída do cliente da loja por meio do tablet com o iTag Alert, que será utilizado pelo gerente da loja.

Para que a Levi’s possa auxiliar seus lojistas no controle dos estoques, no momento do faturamento todo código de produto é enviado para a bolha EPCI’S da Levi’s para o CNPJ faturado. Com isso, o auditor Levi’s, em posse de um leitor RFID Zebra 8500 vinculado a aplicação Android iTag Alert e sincronizado com o EPCI’S, terá a visão da mercadoria exposta na área de vendas e no estoque.

Sérgio Gambim, da iTag
Sérgio Gambim, da iTag

Para o check-out de produtos, são usados os leitores de mesa RFID UHF Identix rPad, que têm antena integrada de polarização circular, o que reduz o custo de aquisição de hardware e facilita a implantação. O custo e o design tornam o rPad um dispositivo acessível para o comércio varejista, em especial nos segmentos de moda e calçados. “Quando usado em pontos de venda, o rPad permite realizar leitura de múltiplos itens em alta velocidade de maneira segura, rápida e eficiente, com redução do tempo de checkout”, explica Maurício Strasburg, CEO da Identix.

Para Gambim, da iTag, a realização deste projeto representa uma conquista especial. “É um grande orgulho para nós estar junto da Levi’s em um projeto de RFID. Afinal, foi a empresa que ditou regra no mercado, sendo a criadora da primeira calça jeans em 1853, quando Levi Strauss, alemão natural da Baviera, mudou-se para São Francisco, nos Estados Unidos, na era da corrida do ouro para abrir uma loja de tecidos”.


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