ID-Cotton garante qualidade do algodão desde a lavoura

A solução com tecnologia RFID da Impinj visa a eliminar falhas de marcação e identificação dos fardos colhidos, o que garante mais qualidade e melhor preço

Edson Perin

A ID-Cotton desenvolveu há três anos uma solução de identificação por radiofrequência (RFID) para a rastreabilidade do algodão, da colheita até o seu beneficiamento. Flávio Tarasoff, diretor executivo da ID-Cotton, diz que se trata de um produto voltado para a colheita anual. “Iniciamos com uma unidade de produção e hoje já temos mais de 45 utilizando as soluções”.

O Grupo Bom Futuro Agro, maior produtor brasileiro de algodão, foi pioneiro no uso da ID-Cotton. Em seguida, vierem as unidades dos Grupos Scheffer, Amaggi, Locks e Cortezia Agro, todos de Mato Grosso, que juntos representam mais de 20% da produção de pluma do Brasil. “Para a safra brasileira, a Conab estima que a área com algodão deva alcançar 1,7 milhão de hectares, em 2020, enquanto a produção deve ficar relativamente estável em 2,82 milhões de toneladas”, informa.

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Flávio Tarasoff, ID-Cotton

Sediada em Cuiabá (MT), a ID-Cotton centraliza em seu escritório-sede a produção, operação, suporte e vendas dos sistemas. “Além disso, constituímos neste ano a ID-Cotton Agribusiness LLC, nos Estados Unidos, baseada na cidade de Doral, na Flórida”, afirma Tarasoff. “A localização é estratégica, porque fica próxima ao porto e aeroporto locais, e concentrará a manufatura dos equipamentos para distribuir no mercado internacional, com os kits já prontos. A proximidade com o Texas também é um facilitador, pois ali está a maior área plantada de algodão dos EUA”.

Tarasoff conversou com exclusividade com Edson Perin, editor do IoP Journal, sobre este projeto. Saiba mais assistindo à entrevista abaixo:

As soluções da ID-Cotton para a rastreabilidade do algodão visam a combater as falhas nos processos de marcação e identificação dos fardos colhidos. Além disso, eliminam as etiquetas manuais, planilhas manuscritas, “pintura com spray na lona e outros métodos antigos de identificação de produtor, fazenda, variedade, talhão, bordadura e contaminantes.

O sistema da ID-Cotton facilita a gestão de pátio e beneficiamento, evitando a contaminação das variedades de algodão, garantindo a qualidade final do produto e, também, o preço da arroba do algodão em pluma.

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Gaylene Meyer, da Impinj

Na prática, após a colheita do algodão, as etiquetas RFID – inseridas nos rolinhos de algodão – são lidas e reconhecidas por meio de um tablet com o sistema ID-Cotton. Essas informações são sincronizadas com o ERP da empresa, que em um segundo momento faz a leitura automaticamente das cargas desses rolinhos por um portal RFID na transferência da lavoura algodoeira, dando baixa no algodão da lavoura e transferindo esse estoque para dentro da unidade de beneficiamento.

“Um dos fatores mais importantes”, explica Tarasoff, “foi a mudança tecnológica, porque antes na colheita e transporte do algodão eram usadas etiquetas em códigos de barras, que apresentavam várias falhas, desde falta de leitura até erros de registro, já que o processo era feito manualmente”. A solução desenvolvida pela ID-Cotton oferece integração com os sistemas de gestão (ERP, na sigla em inglês). “Facilitando a marcação e identificação dos fardos no campo, o sistema da ID-Cotton impacta no aumento da produtividade e reduz a equipe no campo”.

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Rolos de algodão com tags RFID, após colheita com máquinas John Deere

Com os fardos recebendo uma identificação única, a gestão do transporte se torna mais ágil, assim como a localização em tempo real de cada pacote. “A nossa tecnologia reduz o tempo no pátio e o uso da balança”, atesta. “Enfim, o sistema traz economia com pessoal, etiquetas e processos manuais, garantindo ganhos reais no valor final do algodão”. Por ser modular, o ID-Cotton atende os grandes players do agronegócio e, também, pode ser utilizado por agricultores, unidades algodoeiras, cooperativas, entre outros.

A tecnologia RFID da Impinj, fabricante de equipamentos de leitura e chips de identificação por radiofrequência, foi a escolhida pela ID-Cotton para ser agregada à plataforma desenvolvida pela empresa brasileira. “Utilizamos os equipamentos da linha Speedway Impinj, com alterações no firmware das controladoras e uma regra de operação desenvolvida junto com a equipe da ID-Cotton e a engenharia da Impinj”, relata Tarasoff.

A plataforma Impinj usada em toda a solução de rastreamento de algodão contém os chips e etiquetas Impinj Monza presos aos rolos de algodão, chips Impinj Indy com funcionalidade RFID para leitores de mão e equipamentos usados ​​em campo e em fazendas e centros de processamento para ler os rolos. Os leitores Impinj Speedway são usados ​​em portais e em outros pontos para ler os rolos.

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Colheitadeira John Deere em ação na lavoura de algodão

A parceria ID-Cotton e Impinj está pronta para competir no mercado internacional de algodão. Os produtos Impinj operam globalmente e podem ser usados ​​pela ID-Cotton à medida que expandem sua oferta de soluções. O operador australiano de descaroçador de algodão Southern Cotton já havia anunciado o uso dos produtos Impinj neste setor.

A comunidade de parceiros Impinj representa uma vasta gama de serviços, geografias, soluções e conhecimentos de domínio complementares com um tema comum: a busca das melhores soluções RFID da categoria. Segundo Gaylene Meyer, vice-presidente de marketing e comunicação global da Impinj, a companhia continua a construir relacionamentos com parceiros que podem melhor atender às necessidades do agronegócio para rastreamento de ativos, gerenciamento de gado, rastreabilidade da cadeia de suprimentos e muito mais.

“Estamos satisfeitos que a ID-Cotton tenha escolhido a plataforma Impinj para este importante projeto da indústria agrícola”, afirma Gaylene. “Sua implantação bem-sucedida é um exemplo de como a plataforma Impinj permite que nossos parceiros conectem itens à Internet das Coisas, melhorando a visibilidade e aumentando a eficiência”.

Toda a gestão antes do sistema RFID da ID-Cotton era realizado no setor algodoeiro por meio de etiquetas e processos manuais, como códigos de barras. A implantação RFID segue o padrão passivo EPC UHF, da GS1. “O principal benefício é a rastreabilidade da produção, gestão operacional, armazenamento e aumento de ganho na classificação da pluma, quando utiliza todas as ferramentas ID-Cotton”, garante. As tags em uso são equipadas com os chips Monza5 e Monza 6, da Impinj, do momento da colheita até o beneficiamento dos fardos.

“Estamos neste ano importando os dados que estavam gravados nas tags da lona para as novas de RFID, que serão agregadas ao algodão em pluma, podendo ser utilizadas para gestão de emblocamento, rastreio das análises laboratoriais, gestão de carga, embarque e desembarque e classificação da pluma na próxima cadeia produtiva, que são as fiações”.

As leituras RFID foram relacionadas à massa, densidade, estrutura dos veículos que fazem a movimentação da carga, condições climáticas, chuva, sereno, umidade, posição do fardo na carreta, variedade de carretas com alturas e volumes divergentes, ângulos de ataque das balanças e falhas nos processos de outros fabricantes. “Por ser uma tecnologia completamente nova houve muitos desafios, sendo que a maioria se concentrou no transporte”, atesta Tarasoff.

As diferenças de tara – peso do caminhão sem a carga – e estrutura dos veículos, assim como a variedade de carretas com alturas e volumes diferentes e a posição dos fardos do algodão, foram questões analisadas para realizar as leituras sem falhas. “As condições climáticas”, diz Tarasoff, “como chuva, sol, sereno e umidade relativa do ar também influenciam e o sistema precisou levar em conta essas variantes”. Para realizar a pesagem nos postos foi necessário verificar todos os ângulos de ataque das balanças nas estradas para que não houvesse erros de leitura.

Segundo Alexandre Carvalho, gerente de tecnologia da informação do Grupo Bom Futuro, as vantagens de uso do ID-COTTON têm sido muitos, a começar pelo ganho de confiabilidade na rastreabilidade do algodão. “A tecnologia também promoveu mais agilidade no campo e no transporte com a automação na pesagem dos caminhões. Tudo isso gerou maior qualidade na informação para as tomadas de decisão”, explica. “Agora, pretendemos expandir a RFID para dentro do processo produtivo, garantindo qualidade e o embarque dos fardinhos de algodão”.

Outro ganho foi a integração da coleta de dados das colheitadeiras John Deere, dentro do ERP, bem como toda integração dessas informações com o Sistema ID-Cotton, em um banco de dados na nuvem. “A alta produtividade em campo, graças à agilidade em coleta dos dados, confiabilidade nos dados, maior número de informações para análise coordenada com GPS, umidade, colheitadeira, maquinista etc., com certeza atendeu as expectativas”, atesta o executivo.

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