ID-Cotton embarca primeira carga de algodão 100% rastreável

A operação foi realizada nesta terça-feira no Porto de Santos (SP) e o destino será o Vietnã, onde a fiação terá todo o histórico da origem da matéria-prima brasileira

Edson Perin

Há mais de um ano, o IoP Journal vem acompanhando e noticiando os avanços da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) da ID-Cotton no setor brasileiro de algodão. Nesta terça-feira, dia 21 de setembro de 2021, mais uma realização histórica da companhia atingiu todo o segmento do agronegócio do Brasil. A tecnologia da ID-Cotton foi utilizada para embarcar a primeira carga de algodão 100% rastreável do mundo, uma operação que teve como base o Porto de Santos (SP) e com destino ao Vietnã, onde a fiação terá todo o histórico da origem da matéria-prima brasileira.

Flávio Tarasoff, CEO da ID-Cotton, deu o tom da conquista. “Hoje temos a certeza de que contribuímos para um verdadeiro marco na história do algodão brasileiro: embarcarmos a primeira carga 100% rastreada de pluma de algodão do mundo, com a tecnologia RFID da ID-Cotton. Foram muitos desafios e, claro, contamos com o apoio de muitas pessoas, empresas e entidades que fazem parte desta cadeia. A carga irá para o Vietnã e será rastreada até a fiação que irá realizar o processamento, levando consigo todo histórico de origem, do campo ao porto de destino”.

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Clique aqui e assista à demonstração gravada pela ID-Cotton e com narração de Flávio Tarasoff, CEO da ID-Cotton

A ID-Cotton vem desenvolvendo há quatro anos a solução de RFID para permitir a rastreabilidade do algodão, da colheita até o seu beneficiamento. Tarasoff diz que se trata de um produto voltado para a colheita anual. “Iniciamos com uma unidade de produção e hoje já temos mais de 45 utilizando as soluções”. O Grupo Bom Futuro Agro, maior produtor brasileiro de algodão, foi pioneiro no uso da ID-Cotton. Em seguida, vieram as unidades dos Grupos Scheffer, Amaggi, Locks e Cortezia Agro, todos de Mato Grosso, que juntos representam mais de 20% da produção de pluma do Brasil.

Toda a gestão antes do sistema RFID da ID-Cotton era realizado no setor algodoeiro por meio de etiquetas e processos manuais, como códigos de barras. A implantação RFID segue o padrão passivo EPC UHF, da GS1. “O principal benefício é a rastreabilidade da produção, gestão operacional, armazenamento e aumento de ganho na classificação da pluma, quando utiliza todas as ferramentas ID-Cotton”, garante.

Sediada em Cuiabá (MT), a ID-Cotton centraliza em seu escritório-sede a produção, operação, suporte e vendas dos sistemas. “Além disso, constituímos neste ano a ID-Cotton Agribusiness LLC, nos Estados Unidos, baseada na cidade de Doral, na Flórida”, afirma Tarasoff. “A localização é estratégica, porque fica próxima ao porto e aeroporto locais, e concentrará a manufatura dos equipamentos para distribuir no mercado internacional, com os kits já prontos. A proximidade com o Texas também é um facilitador, pois ali está a maior área plantada de algodão dos EUA”.

A solução da ID-Cotton para a rastreabilidade do algodão visa a combater as falhas nos processos de marcação e identificação dos fardos colhidos. Além disso, eliminam as etiquetas manuais, planilhas manuscritas, “pintura com spray na lona e outros métodos antigos de identificação de produtor, fazenda, variedade, talhão, bordadura e contaminantes. O sistema da ID-Cotton facilita a gestão de pátio e beneficiamento, evitando a contaminação das variedades de algodão, garantindo a qualidade final do produto e, também, o preço da arroba do algodão em pluma.

Na prática, após a colheita do algodão, as etiquetas RFID – inseridas nos rolinhos de algodão – são lidas e reconhecidas por meio de um tablet com o sistema ID-Cotton. Essas informações são sincronizadas com o ERP da empresa, que em um segundo momento faz a leitura automaticamente das cargas desses rolinhos por um portal RFID na transferência da lavoura algodoeira, dando baixa no algodão da lavoura e transferindo esse estoque para dentro da unidade de beneficiamento.

“Um dos fatores mais importantes”, explica Tarasoff, “foi a mudança tecnológica, porque antes na colheita e transporte do algodão eram usadas etiquetas em códigos de barras, que apresentavam várias falhas, desde falta de leitura até erros de registro, já que o processo era feito manualmente”. A solução desenvolvida pela ID-Cotton oferece integração com os sistemas de gestão (ERP, na sigla em inglês). “Facilitando a marcação e identificação dos fardos no campo, o sistema da ID-Cotton impacta no aumento da produtividade e reduz a equipe no campo”.

Com os fardos recebendo uma identificação única, a gestão do transporte se torna mais ágil, assim como a localização em tempo real de cada pacote. “A nossa tecnologia reduz o tempo no pátio e o uso da balança”, atesta. “Enfim, o sistema traz economia com pessoal, etiquetas e processos manuais, garantindo ganhos reais no valor final do algodão”. Por ser modular, o ID-Cotton atende os grandes players do agronegócio e, também, pode ser utilizado por agricultores, unidades algodoeiras, cooperativas, entre outros.

“Estamos neste ano importando os dados que estavam gravados nas tags da lona para as novas de RFID, que serão agregadas ao algodão em pluma, podendo ser utilizadas para gestão de emblocamento, rastreio das análises laboratoriais, gestão de carga, embarque e desembarque e classificação da pluma na próxima cadeia produtiva, que são as fiações”.

As leituras RFID foram relacionadas à massa, densidade, estrutura dos veículos que fazem a movimentação da carga, condições climáticas, chuva, sereno, umidade, posição do fardo na carreta, variedade de carretas com alturas e volumes divergentes, ângulos de ataque das balanças e falhas nos processos de outros fabricantes. “Por ser uma tecnologia completamente nova houve muitos desafios, sendo que a maioria se concentrou no transporte”, atesta Tarasoff.

As diferenças de tara – peso do caminhão sem a carga – e estrutura dos veículos, assim como a variedade de carretas com alturas e volumes diferentes e a posição dos fardos do algodão, foram questões analisadas para realizar as leituras sem falhas. “As condições climáticas”, diz Tarasoff, “como chuva, sol, sereno e umidade relativa do ar também influenciam e o sistema precisou levar em conta essas variantes”. Para realizar a pesagem nos postos foi necessário verificar todos os ângulos de ataque das balanças nas estradas para que não houvesse erros de leitura.

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