Por Edson Perin
Faz oito anos que venho acompanhando diariamente o mercado brasileiro de identificação por radiofrequência (RFID) e, desde então, acumulei diversos aprendizados. E por ouvir com atenção a muitos players com quem mantenho relacionamento próximo, acabo analisando estas visões e chegando a uma mescla, uma espécie de vetor resultante. Nesta coleção de lições e de mesclas, destaco a incrível flexibilidade que os fornecedores têm quando vão negociar suas soluções com empresas que são ou se tornarão usuárias desta tecnologia.
O que quero dizer com “flexibilidade”? Na verdade, é uma característica do mercado de tecnologias de um modo geral, e que funciona melhor com RFID, devido aos benefícios inerentes à esta tecnologia específica. Ou seja, se a economia vai mal, as vendas de RFID se realizam porque as empresas precisam economizar, cortando custos e aumentando a automação eficiente. Se a economia vai bem, o diferencial competitivo acaba sendo o driver de muitas implantações, com o intuito de aprimorar o poder de planejar e agir nos negócios, com amplo potencial de sucesso e antes dos concorrentes.
Falando assim, porém, fica parecendo que as vendas surgem sem esforço ou que pode ser fácil para um fornecedor de RFID tornar-se bem-sucedido. A realidade nos mostra que não funciona bem assim e que mesmo os empreendedores e fornecedores mais maduros do mercado de RFID ainda têm de assimilar alguns aprendizados de cartilhas básicas do marketing.
O mercado de RFID – assim como todos ou quase todos – tem seus problemas. Um deles reside na incapacidade de alguns fornecedores de entregar o que prometem. Há alguns casos no Brasil de empresas contratantes que tiveram experiências ruins com RFID não por causa da tecnologia em si, mas devido à má gestão dos projetos por fornecedores contratados. O resultado é que a tecnologia acaba manchada, como se fosse ineficaz, por falhas específicas de uns e outros.
Para separar o joio do trigo, vale a pena que os contratantes de RFID tenham ferramentas para avaliar a qualidade de seus possíveis fornecedores, antes mesmo de assinar o primeiro cheque de contratação – ou do primeiro DOC ou TED, falando em termos de internet banking. Estas ferramentas para localizar bons fornecedores são casos de sucesso publicados na mídia, neste caso, no RFID Journal, além de boas práticas de mercado, soluções tecnológicas bem elaboradas, entre outras. Ou ainda: campanhas de marketing que envolvam esses casos de sucesso ou as ferramentas desenvolvidas por estes fornecedores.
Outra forma de selecionar um fornecedor de qualidade passa pela análise dos prêmios conquistados pela(s) empresa(s) em questão. As principais premiações do mercado de RFID são o RFID Journal Awards, realizado anualmente pelo RFID Journal nos Estados Unidos, ou o Prêmio IoT RFID, da Associação Brasileira da Indústria de RFID (ABRFID), ou ainda o Prêmio Automação, da GS1 Brasil. Todas essas premiações têm critérios técnicos seriamente criados e seguidos, o que garante confiabilidade e respeito.
Lógico que para as empresas contratantes saberem quais fornecedores foram premiados, ou têm bons casos de sucesso em seu setor de atuação, ou oferecem tecnologia de ponta, a maneira possível e bastante tradicional envolve a boa comunicação e o trabalho de marketing focado. Portanto, não basta ter muitas conquistas: é necessário tornar público.
Afinal, como dizia o Velho Guerreiro Abelardo Barbosa, o popular e saudoso Chacrinha, apresentador de Rádio e TV do Brasil, “quem não se comunica se trumbica”. Traduzindo para a linguagem do business: quem não sabe contar para os outros as suas melhores qualidades perderá a chance de realizar bons negócios.
Edson Perin é editor do RFID Journal Brasil e fundador da Netpress Editora.