Edson Perin*
Faz tempo que a gente fala sobre Indústria 4.0, especialmente no Brasil, um dos precursores desta inovação, até mesmo antes de ter este nome. E de Comércio 4.0, então. Serviços 4.0, também. Mas Carnaval 4.0? Ahhh… isso sim é uma grande novidade no mundo. A plataforma para o lançamento será o Sambódromo de São Paulo Capital, no Anhembi. E pode ter certeza de uma coisa: depois deste Carnaval, nenhum outro será como os anteriores.
Por quê? Porque a tecnologia vai dar um bom samba no Carnaval 2020 de São Paulo, segundo garante a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil) que, em parceria com a escola de samba paulistana Rosas de Ouro e empresa fornecedoras de tecnologia, está dando suporte ao enredo “Tempos Modernos”, em desenvolvimento pelo carnavalesco André Machado.
O tema traz a história das revoluções industriais com ênfase na Revolução 4.0 contada pelo robô ROXP4, um brinquedo que foi trocado por outro mais moderno. A ideia é mostrar para o público em geral que estamos vivendo a Revolução 4.0 de forma prática, com a aplicação de algumas tecnologias. No dia 23 de outubro, a escola e a GS1 Brasil assinaram a parceria.
Já em produção, o carnaval da Rosas contará, pela primeira vez, com tecnologias nas alegorias e fantasias. Essas tecnologias que estão sendo apresentadas no enredo da Rosas de Ouro são inovações que já ajudam e vão colaborar ainda mais para melhorar as nossas vidas, trazer mais eficiência para as empresas e em várias áreas da sociedade, como na saúde, agricultura, alimentos entre outras.
Para se ter uma ideia, o carnavalesco André Machado criou a fantasia Código para o Futuro, que tem como elemento principal um QR Code como ícone da GS1 Brasil. A imagem inserida na fantasia poderá ser lida por aplicativo para smartphone. O código também estará disponível em um leque que será dado de brinde aos foliões. Esta fantasia (veja na imagem) será um dos trajes que terá instalado um chip de identificação por radiofrequência (RFID), que ajudará a organização da escola a acompanhar a evolução dos foliões pelo sambódromo.
Fundada há 48 anos, a Rosas de Ouro, tradicional escola de samba da zona norte de São Paulo, é considerada uma das maiores do Brasil e vai usar a cultura para dar visibilidade à quarta revolução industrial, a qual está em andamento. A proposta da escola é expandir os limites de tempo e espaço durante o desfile por meio de experiências digitais, que estão em testes. Assim, serão disponibilizados aplicativos que poderão ser baixados gratuitamente pelo público, e que servirão para acompanhar informações em tempo real, vivenciando o Carnaval 4.0.
A ideia do enredo surgiu nas discussões de um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Centro Universitário FEI e Instituto Mauá de Tecnologia, Insper, preocupados com o impacto da Indústria 4.0 no Brasil.
O grupo percebeu que os debates tão interessantes e promissores no meio acadêmico – e que inclusive deram origem a um livro – não estavam chegando à sociedade na velocidade da tecnologia, que avança de forma exponencial. Então, para democratizar essa reflexão, surgiu a ideia de levar o tema para o carnaval. A partir daí, foi criado o grupo Carnaval 4.0, que buscou parceiros, entre eles, a GS1 Brasil.
Para Elcio Brito, idealizador do projeto “Tempos Modernos”, líder do comitê de gestão do projeto Carnaval 4.0 e sócio da SPI Integração de Sistemas, “o desfile da Rosas de Ouro vai catalisar a discussão sobre o futuro iminente para o qual precisamos nos preparar, ao mesmo tempo em que vai jogar luz sobre coisas que podemos fazer imediatamente para criarmos um Brasil 4.0”, diz. “Nesse sentido, ter o apoio de entidades como a GS1 Brasil, que tem ajudado tantas empresas e serem mais produtivas, é maravilhoso. Na prática, adotar os padrões GS1 significa criar uma comunicação entre homem e máquinas para garantir, por exemplo, que o medicamento que você está recebendo é o que você precisa”.
João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil, destaca que a tecnologia é fundamental para reduzir custos, melhorar processos e trazer bons resultados. “Não importa o momento econômico de um país, a tecnologia sempre será o diferencial. Diante disso, temos o compromisso de divulgar esse conhecimento. É muito interessante mostrar para o Brasil que o seu principal evento cultural, o Carnaval, traz essa reflexão sobre a tecnologia. Talvez isso aponte para uma nova etapa do nosso país, que está pensando mais em automação e tecnologia”.
Osmar Costa, vice-presidente da Rosas de Ouro, diz que “a ideia do enredo é humanizar a revolução industrial e divulgar o quanto é importante para a população brasileira entender o que está por vir. O futuro já chegou e a cada dia que passa, precisamos ficar mais atentos às inovações”. Costa mostrou-se satisfeito com a iniciativa: “agradecemos a receptividade e a aposta da GS1 em poder divulgar o código de barras dentro do nosso projeto de carnaval, que é transmitido no Brasil e em mais de 200 países. Esperamos chegar muito longe com esse tema”.
Levar a tecnologia para o Anhembi tem sido uma experiência única e inovadora para todos os cientistas envolvidos, como definiu Oliveira, da GS1 Brasil. “Quando conhecemos o projeto ‘Tempos Modernos’ ficamos empolgados com este momento único do Carnaval de São Paulo e muito felizes em encontrar uma sinergia muito forte com o samba-enredo e com a Rosas de Ouro. Felizmente, percebemos uma química e, com certeza, será uma experiência muito interessante”.
Na opinião de Costa, da Rosas de Ouro, o diferencial do enredo é que não acaba no Carnaval e deixa a sugestão da discussão “Chegou a hora de rasgar o manual?” – trecho do samba-enredo que vai embalar o desfile. Esse questionamento, que significa repensar para fazer diferente, servirá para todas as pessoas e telespectadores. “Chegou o momento!”, conclui.
O time do projeto Carnaval 4.0 é uma organização formada por acadêmicos, especialistas de tecnologia de diferentes organizações e gestores e artistas da Rosas de Ouro que buscam contribuir com a transformação do país num Brasil 4.0. O time é organizado em três núcleos: parceiros acadêmicos, tecnológicos e comitê de gestão.
Entre os parceiros acadêmicos estão pesquisadores e alunos da Universidade de São Paulo (USP), Centro Universitário FEI, Instituto Mauá de Tecnologia, INSPER e de outras universidades que estão desenvolvendo as experiências digitais com o apoio do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT). Pelos parceiros tecnológicos, há empresas que estão fornecendo hardware, software e capacitação para as universidades: Siemens, PTC, Schneider, Electric, Ladder, Universal Robots, Nokia, Staaubli Robotics, Dassault Systèmes, Contric Robótica, Eplan, Infosphera, Quantum4, GRV Software e Sacrini Design.
O comitê de gestão, responsável pela administração do projeto, conta com SPI Integração de Sistemas, People+Strategy, EloGroup, CNC, ATTO, UMANTECH e N&DC. O apoio institucional ao enredo “Tempos Modernos” é da GS1 Brasil. E os parceiros culturais da Rosas de Ouro são Mercedes-Benz e Besni.
* com release da DFreire