Vitor Villela
A identificação por radiofrequência (RFID) é uma dessas tecnologias que desde o seu surgimento está em evidência, e agora ganha força como uma das grandes apostas do Varejo para o próximo ano. Nos anos 2.000, quando ficou conhecida, foi a menina dos olhos de muitas empresas que viram nela a oportunidade certeira de melhorar a própria eficiência operacional, substituindo a leitura por código de barras convencional pela agilidade da leitura usando coletores e etiquetas passivas de RFID. Porém, o alto custo das etiquetas inviabilizou muitos projetos e a tecnologia não passou de uma tendência passageira para a maioria.
Eis que, quase duas décadas depois, com a popularização das etiquetas, bem como uma análise mais apurada das aplicações e benefícios que essa tecnologia traz para os varejistas, a RFID tem feito parte de discussões em comitês executivos para implantação e rápida adoção em toda a cadeia do processo logístico e nas lojas, com o objetivo de evitar a ruptura nas vendas, aumentar as vendas e melhorar a experiência do consumidor, dentro e fora da loja.
Existem inúmeros benefícios que a RFID traz para o negócio e porque ele deve ser a grande aposta do Varejo no próximo ano. Destaco alguns deles abaixo:
– Ruptura de vendas: Uma das principais dores do varejista nos dias de hoje é a ruptura das vendas, causada pela imprecisão do inventário e consequente dificuldade de se saber quais peças específicas estão faltando na loja. Visto que os varejistas atualmente fazem inventário físico apenas uma ou duas vezes por ano em suas lojas, e que a falta de informação dos produtos em falta só é percebida após a realização dessa atividade, a RFID é vista como um grande aliado para esse problema atual, uma vez que permite a realização do inventário diariamente, em até 1:30h para cada 20.000 itens. Com isso, é possível identificar de uma maneira mais eficiente quais tamanhos e itens que precisam ser repostos, garantindo dessa forma a disponibilidade dos produtos na loja.
– Disponibilidade do produto no ponto de venda: Uma amostra de como a RFID evoluiu nos últimos anos está na possibilidade de acompanhar toda a cadeia logística, desde a fabricação das peças, até a venda na loja. Quando uma peça é etiquetada no fabricante, com uma etiqueta RFID, o varejista tem mais precisão e agilidade no recebimento dos itens no Centro de Distribuição e nas lojas, reduzindo drasticamente o tempo que atualmente se gasta para que uma peça para que esteja efetivamente disponível para venda. Essa redução pode melhorar sensivelmente o fluxo de caixa do varejista a melhorar o planejamento das vendas, e permite envios customizados por loja, de acordo com a sazonalidade ou demandas específicas de cada região.
– Prevenção contra furtos (internos e externos): Dado que a tecnologia permite uma solução de antifurto integrada com a solução de ponto de venda, essa visibilidade dos dados aliada com a integração com outras tecnologias pode contribuir para uma redução de perdas e detectar em que parte da cadeia de produção a mercadoria pode estar sendo furtada. Com dados, controle e visibilidade dos produtos nas lojas e em estoque, os varejistas podem elaborar estratégias de prevenção contra furtos, específicas para cada departamento dentro da loja ou mesmo cada etapa entre a produção, distribuição ou loja
– Omnichannel: O conceito de omnichannel tão presente e comentado nos últimos anos, pode ser alcançado de uma maneira mais rápida por meio da tecnologia RFID, a partir do momento que se tem conhecimento preciso de todo o seu inventário, isso possibilita ao varejista avançar em omnicanalidade, permitindo ao consumidor retirar peças adquiridas pela internet em sua loja, aumentando o fluxo de pessoas no estabelecimento e atendendo às demandas dos seus clientes com mais velocidade e eficiência.
– Melhor experiência de compra para o consumidor: Dado que com a tecnologia RFID a disponibilidade das peças aumentará e que haverá uma maior agilidade nos caixas da loja para efetuar uma transação, é possível afirmar que o tempo de fila diminuirá, fazendo com que o ticket médio aumente, uma vez que a quebra de estoque não irá acontecer. Aliado ao fato da possibilidade de a loja tornar-se omnichannel, como foi mencionado acima, a experiência do consumidor com a marca da loja tende a melhorar e como resultado espera-se uma maior fidelização e aumento do número de venda por parte dos varejistas.
Portanto, quem apostou que a RFID era algo ultrapassado se equivocou totalmente. O varejista que tem acompanhamento dos produtos em tempo real, visibilidade do estoque e monitoramento dos itens nas lojas têm condições de criar melhores experiências para o consumidor e reduzir seu custo operacional.
Existem inúmeros recursos e serviços disponíveis hoje no mercado que podem melhorar significativamente os resultados dos varejistas. Em um setor de margens tão apertadas, vale a pena buscar os mecanismos possíveis para minimizar despesas desnecessárias e aumentar a receita. A RFID é, sem dúvida, uma alternativa a ser considerada pelos varejistas. No entanto, sua aplicação deve ser feita de maneira precisa.
Para isso, é necessário buscar um fornecedor que conheça bem as demandas de cada cliente e tenha capacidade de implantar a tecnologia em larga escala. É nesse contexto que o integrador se destaca, pois ele, após fazer uma análise minuciosa do contexto e do ambiente do varejista, e de mapear todo o ecossistema do cenário de RFID, desde os fornecedores de etiquetas, impressoras, softwares, incluindo toda a infraestrutura necessária de leitores e antenas; aliado a excelência na implantação em larga escala e monitoramento da solução, irá compor essa solução de acordo com a necessidade do varejista.
Será este fornecedor quem vai comparar os diversos players e, de maneira agnóstica, considerar qual o melhor conjunto para o cliente. A RFID por si só não faz milagre, mas quando bem integrado a outras soluções, pode trazer resultados incríveis em um curto espaço de tempo.
Vitor Villela é Senior Solutions Archtect da NTT Brasil